Um tom acima

Amigas e rivais tem uma missão inglória. Tenta alcançar o mesmo sucesso que o folhetim original mexicano Amigas y rivales conquistou, quando exibido no Brasil, em 2002, no SBT. A nova adaptação busca atingir o mesmo público ?teen? e já escancara este desejo em sua abertura. Com uma edição frenética, a entrada da novela faz um passeio em um quarto adolescente e brinca com desenhos, diários, iPods, porta-retratos. Um começo chamativo e bem pop. Algo comparável às aberturas do folhetim Malhação. Porém, a espera do sucesso vem esbarrando em uma série de imbróglios, na maioria das vezes, no campo da atuação. Isto faz com que a audiência venha caindo com o desenrolar da trama. Em outubro, a novela já alcançou míseros 3 pontos.

Os problemas de atuação começam desde o bloco principal e vão até a última ala do elenco fixo da novela. Entre as quatro amigas protagonistas, muito esforço, mas nenhum brilhantismo. A única que se salva é a atriz Lisandra Parede, no papel da estudiosa e meiga Laura. No contrapeso do quarteto, a atriz Karla Tenório, como a portadora do vírus HIV, Olívia. De resto, quase nenhum alento. Uma exceção à regra é quando o ex-casal Roberto e Rosana Delaor, Jayme Periard e Talita Castro, se reúne na mesma cena. Os dois conseguem achar o tom certo, principalmente quando brigam.

O núcleo cômico da novela está fora do tom. Os cabeleireiros não conseguem cativar o público e não despertam qualquer interesse. O destaque, sem grandes vistas, fica para o personagem Mocho, de Jandir Ferrari, apesar de sua forçada e preconceituosa caracterização de homossexual.

O que chama atenção é o já conhecido enredo da novela. Por ter quatro protagonistas, a quantidade imensa de acontecimentos se quadriplica. Tem de tudo: é aids para cá, romance entre enteado e madrasta para lá, uma garota revoltada que cai nas drogas e uma menina que se apaixona pelo namorado da outra. É um emaranhado de situações, que, se bem utilizado, alavanca a novela.

Mas parece que Letícia Dornelles e Henrique Martins, autora da adaptação e diretor, não conseguem entrar em sincronia. Por serem múltiplas, as adversidades se confundem e não deixam a novela evoluir. Tudo o que o folhetim do México conseguiu fazer, até surpreendendo no campo da atuação com Ludwika Paleta, a eterna Maria Joaquina do infantil Carrossel, que foi muito bem no papel de Helena Delaor, a versão brasileira não conseguiu apresentar. Depois de dois meses de duração, a trama perde cada vez mais o interesse e, pelo andar da carruagem, segue em direção ao precipício. 

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