Um terror diferente do usual nos cinemas

De Drácula (Bram Stocker) a Entrevista com o vampiro (Anne Rice) ou da série de televisão True Blood até a mais nova febre da saga Crepúsculo. Não importa. Ao longo dos tempos, obras literárias, programas de televisão e principalmente filmes que tenham figuras vampirescas abocanham uma grande parcela do público.

Longe de querer se tornar moda, mas com sutileza e muita consistência, o filme sueco Deixa ela entrar é uma ótima pedida para quem quer assistir a um bom filme esse final de semana nos cinemas.

Sem seguir padrões hollywoodianos, Deixa ela entrar não tem nada de convencional dos conhecidos filmes de vampiros. Muito mais do que figuras sugadoras de sangue, o filme do diretor Tomas Alfredson conduz o espectador para um mundo sombrio, cruel e, ao mesmo tempo, hipnotizador.

O diretor consegue manter o equilíbrio entre os elementos tradicionais que devem constar em uma boa história de vampiros e explorar o conflito criado pela violência sofrida na escola por colegas de classe e a relação amorosa entre dois pré-adolescentes de 12 anos.

Oskar, um garoto ansioso e frágil, embora fascinado por histórias de crimes, é freqüentemente provocado e agredido por colegas de classe mais fortes, mas nunca se defende.

O desejo do menino solitário por um amigo se concretiza quando ele conhece Eli, uma garota da mesma idade, também sozinha, que se muda para a vizinhança com o pai. Séria e pálida, a princípio sem cara de muitos amigos, ela só sai de casa à noite e não parece ser afetada pelas baixas temperaturas.

A partir desse contato inicial surge entre eles um romance não declarado, e Eli dá a Oskar a coragem que faltava para lutar contra seus agressores, mesmo que o romance entre os dois possa não se concretizar pela diferença intrínseca que os separa.

O sangue vermelho dos assassinatos, quando estes acontecem, destoa propositadamente das cenas do restante do filme, que mantêm um toque gélido, apagado, com o abuso de cores frias.

A dupla de jovens que interpreta Oskar e Eli está muito bem nos seus respectivos papéis. Deixa ela entrar é uma boa pedida para fãs de filmes do gênero e que buscam algo um pouco diferente do usual.