Um paranaense ilustre

Outro dia li, em jornal de grande circulação, como sempre faço, um artigo de Jarbas Passarinho, que me chamou a atenção, principalmente quando, aludindo a infundada acusação de um dignatário da Igreja, revelou, com certo acanhamento, verbis “propriedade, só tenho a casa onde moro, após pagar a hipoteca à Caixa Econômica Federal. Talvez fale isso até em meu desfavor, dada a minha total incapacidade de aumentar meu modesto patrimônio, mesmo honradamente. Governador, três vezes senador, quatro vezes ministro de Estado, geri vultosas verbas públicas. Ao menos, à luz do 7.º Mandamento da Lei de Deus, estou tranqüilo”.

De pronto, veio-me à lembrança a pessoa de um dos mais ilustres paranaenses que conheço: Ivo Arzua Pereira, objeto de recente reportagem sobre a quitação do apartamento em que vive com a sua Maria Helena.

A situação é deveras semelhante.

Ivo Arzua Pereira, que todos conhecemos, exerceu os mais distinguidos cargos na administração municipal, estadual e federal.

Engenheiro do Departamento de Estradas de Rodagem, conheci-o na década de 50, acompanhando, ao longe, sua vitoriosa carreira de homem público, quer como diretor das obras do Centro Cívico, no governo do saudoso Bento Munhoz da Rocha Neto, quer como superintendente do Porto de Paranaguá e presidente da Telepar.

Depois, vi-o prefeito municipal eleito pelo voto direto dos curitibanos, numa administração revolucionária, com a preparação do Plano Diretor da cidade, criação do Ippuc e inúmeras obras que transformaram a “Cidade Sorriso” em uma verdadeira metrópole.

Reconduzido ao cargo, renunciou para assumir o Ministério da Agricultura, preparando-se, com afinco, para o cumprimento da nobilitante missão.

Depois disso, reaproximamo-nos na Academia de Cultura de Curitiba, por ele fundada quando na Provedoria da Santa Casa de Misericórdia.

Atualmente, juntos, lutamos pela maior projeção de nosso Estado, com a divulgação de sua história, no dinâmico Movimento Pró-Paraná.

Tantos anos passaram e o intrépido filho da gloriosa Palmeira, que tantos outros nos deu, a exemplo de Jesuíno Marcondes, continua a mesma pessoa, sempre solícito, vivendo pacatamente de modesta aposentadoria, inclusive da Universidade Federal do Paraná, onde pontificou na Faculdade de Engenharia.

Seu patrimônio iguala-se ao do grande brasileiro Jarbas Passarinho, servindo, ambos, como exemplo, para aqueles que detiveram cargos públicos e deles não se valeram em benefício próprio.

Ivo Arzua Pereira merece o nosso apreço, nossa grande admiração e maior respeito!

Luís Renato Pedroso

é desembargador jubilado e presidente do Centro de Letras do Paraná.

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