Três livros revelam estilo do designer Paul Rand

É preciso ser um profissional e tanto para receber de Moholy-Nagy (1895-1946), o fotógrafo e designer da Bauhaus, um elogio como este: “Entre os jovens americanos, parece que Paul Rand é o melhor e o mais capaz”. O húngaro definiu ainda melhor que ninguém o designer – “um idealista e um realista ao mesmo tempo”. Rand (1914-1996) está sendo homenageado pela Cosac Naify com o lançamento simultâneo de dois livros, um de entrevistas sobre seu métier (“Conversas com Paul Rand”) e outro infantil, escrito por sua mulher e ilustrado por ele (“Eu Sei Um Montão de Coisas”). Na esteira, a editora recoloca no mercado o livro “Pequeno 1” (lançado em 2007), também assinado com a mulher e dedicado a crianças.

Formado nos departamentos de criação de editoras e agências de publicidade, Paul Rand revolucionou o design americano quando tinha apenas 24 anos, saudado na época como o mais promissor profissional do ramo. Rand não decepcionou: são deles dois dos logos corporativos mais facilmente reconhecíveis em todo o mundo, o da IBM (1956) e o da rede ABC de televisão (1961). Com eles, o designer transmitiu aos alunos a lição que aprendeu dos mestres da Bauhaus: simplicidade e elegância.

A inteligência visual de Rand era tamanha que antecipou com a criação da identidade dessas empresas a estética minimalista que os artistas só saberiam aproveitar nos anos 1960. No livro “Conversas com Paul Rand”, ele diz que design “é manipulação da forma e do conteúdo”, lembrando que, como Picasso, ele agia por “eliminação”, escolhendo sempre algum elemento para jogar fora. Para isso, obviamente, partia do complexo para o simples. Em síntese: não era só intuitivo. Educou-se lendo livros de grandes teóricos de arte como John Dewey (cujo livro “Arte Como Experiência” acaba de ser lançado pela Martins) e Roger Fry.

“Conversas com Paul Rand” é uma boa introdução ao pensamento gráfico de Paul Rand. Ele reúne excertos de palestras na Universidade do Arizona. Autor de títulos fundamentais como “Design, Form and Chaos” (1993) , o designer contesta a teoria de que o bom design tem que mudar constantemente. A novidade, dizia, não quer dizer nada. “Se fosse o novo pelo novo, teríamos de derrubar todos os belos edifícios europeus”, disse, concluindo: “Ninguém é um gênio criativo só porque tem um computador”.

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