Protocolo fantasma

Tom Cruise “detona” em Missão Impossível

Não adianta os fãs mais puristas do cinema reclamarem, espernearem ou mesmo vociferarem pelo mundo afora. Ethan Hunt, o agente secreto que consegue chupar cana e assoviar ao mesmo tempo enquanto salva o mundo está de volta aos cinemas em mais um Missão: Impossível. Baseado em uma série de televisão homônima, impressiona como a franquia cinematográfica continua esbanjando saúde, mesmo 15 anos após o seu debut. Portanto, se você se encaixa na descrição acima ou simplesmente abomina produções que usam e abusam de situações inverossímeis (marca registrada da série), uma dica: procurem por outras notícias aqui no site, pois as próximas linhas serão dedicadas para mostrar o porquê de Missão Impossível: Protocolo Fantasma ser uma excelente diversão.

Após fugir de maneira espetacular de uma prisão na Rússia, Hunt é convocado para invadir o Kremlin em busca de informações sobre um potencial terrorista. Contudo, as coisas não saem como esperado e o agente é considerado por um incidente diplomático de grandes proporções. Sozinho, sem apoio do governo dos EUA (que coloca em operação o protocolo que dá nome ao filme), Hunt terá que se virar para limpar o nome e punir os responsáveis pelos acontecimentos.

Contando com a direção do estreante em “live actions” Brad Bird (o gênio por trás de Os Incríveis e Ratatouille, duas pequenas obras-primas da animação da Pixar e que conquistou outro belo cartão de visitas), o filme apresenta um ritmo intenso, com diversos cortes rápidos (pessoas com labirintite, cuidado!), planos aéreos interessantes, lutas bem coreografas e, de quebra, fez deste longa o mais cosmopolita (seguindo uma linha que foi muito bem explorada em outra cinessérie de espionagem, a trilogia Bourne) da série e, arriscaria a dizer também, o mais empolgante deles. Ou seja, a última coisa que o espectador irá sentir na poltrona será letargia, pois o filme é uma sucessão de situações tensas, pancadarias e, claro, as peripécias sobre-humanas de Hunt.

Mais uma vez o astro Tom Cruise retorna ao papel do protagonista, mostrando uma intensa vitalidade mesmo com quase 50 anos de idade (não me entendam mal, só quis dizer que Cruise não é mais o garoto que fez Top Gun). Sem deixar a peteca cair, Hunt faz aquilo que o seus fãs esperam. Ele salta de grandes distâncias, distribui bordoadas a torto e a direito, enfrenta uma tempestade de areia e, em uma das melhores e mais acrofóbicas cenas, ele se dá ao luxo de escalar o prédio mais alto do mundo (impossível não ter uma sensação de vertigem assistindo esta cena em Imax) usando uma gadget não muito confiável.

Fazendo um contraponto interessante ao de Hunt está o agente Willian Brandt (Jeremy Renner, de Guerra ao Terror e do vindouro filme dos Vingadores). O burocrata, que esconde algo sobre o seu passado, oferece a Hunt questionamentos sobre os seus métodos, algo que não havia sido explorado anteriormente. Aliás, dizem, Renner foi introduzido com a possibilidade de carregar o legado de Hunt nos possíveis próximos filmes (já falei que Cruise tem quase 50 anos, não falei?), o que a série só tem a ganhar, pois Renner demonstrou que é um bom ator para filmes de ação.

Com um elenco grandioso e com todos os predicados que fazem um filme de ação empolgar, Missão Impossível: Protocolo Fantasma, vai agradar em cheio o público, exceto, é claro, aqueles que tem uma visão muito hermética da sétima arte. Ah, tentem sair do cinema sem que a música-tema do longa não fique grudado na sua cabeça (Mission: Impossible Theme – Adam Clayton / Larry Mullen). Isso sim é, com o perdão do termo, uma missão impossível.