Após o cancelamento da temporada que aconteceria no mês de setembro, finalmente estreou em Curitiba o espetáculo Sonho de Outono, peça de um dos principais nome da dramaturgia contemporânea e ainda inédito no Brasil, numa co-produção entre o Teatro Guaíra e a Marcos Damaceno Companhia de Teatro. Até o dia 20 de novembro, no Auditório Glauco Flores de Sá Britto (miniauditório).
O norueguês Jon Fosse é um dos principais nomes da dramaturgia contemporânea. Nasceu em 1959 no oeste da Noruega e vive há vinte anos em Bergen. Escreve em novo norueguês, língua obrigatória nas escolas mas que só é falada nessa região. Estreou na literatura em 1983, tendo até agora publicado mais de 30 livros: romances, poesia, ensaios, novelas e livro para crianças. A sua primeira peça para teatro foi escrita em 1992. É atualmente traduzido e encenado em todo o mundo, suas estréias são bem sucedidas e aclamadas pela crítica.
As suas peças são minimalistas e fortemente estruturadas num estilo repetitivo que permeia entre o realismo e o absurdo. A sua linguagem é poética e com clara influência da música rock. A temática tende a explorar as relações (ou a ausência das mesmas) entre as pessoas.
Suas obras focalizam os embates entre personagens e enfatiza o fato de que estes possam ser tão intensos a ponto de muda-las. A incerteza sobre o quanto cada um é compreendido e o quanto compreende os outros atormenta as personagens de tal modo que as incita a achar novas maneiras de compreensão.
"Quando criança, eu fazia música, tocava guitarra… aos onze anos ficava tocando seis ou sete horas seguidas. De um dia para o outro parei. Acabou-se a guitarra. E comecei a escrever. O que me pareceu ser uma coisa mais séria… mas comecei a escrever tentando fazer uma espécie de música… poucas palavras, repetições, variações, silêncios… Quando, por exemplo, ouço a tradução de uma peça, eu ouço a música, reconheço o ritmo na tradução, na maneira de representar. Embora não perceba o significado das palavras, reconheço tudo." (Jon Fosse)
Em Sonho de Outono, um homem e uma mulher reencontram-se num cemitério. Já se conheceram e se amaram, mas só agora podem realizar esse amor. A mulher o deseja, o homem hesita. Conversam sobre o amor e a morte. A mulher quer viver e amar, o homem questiona o amor e a morte. E descobrimos que este amor já se realizou e já acabou.
A direção é de Marcos Damaceno, que prevê realizar uma montagem que priorize o tratamento do texto nas vozes dos atores Leandro Daniel, Maíra Weber, Rosana Stavis, Mauro Zanatta e Patricia Ramos. A encenação foi toda desenvolvida com base na sonoridade das palavras e seu equivalente silencioso, trabalhando com o não dito, com aquilo que está, mas não se diz e com os vazios que não são apenas da ordem do psicológico. Também é enfoque no trabalho desenvolvido por Damaceno o estabelecimento de relações mais intimistas entre os atores e a platéia e o jogo com a linguagem de devaneios.
Com esta parceria o Centro Cultural Teatro Guaira pretende incentivar jovens diretores do teatro paranaense à pesquisa de novas linguagens cênicas.
Serviço
Sonho de Outono
De quinta a domingo, sempre às 21h
De 03 à 20 de novembro
Mini-auditório do Teatro Guaira ? Rua Amintas de Barros, s/nº ? 3304.7900
Ingressos: R$14,00 e R$7,00