Soneto surrealista, à moda de Picasso

Líquido impuro, o tempo impressentido.

A litania do caos, desenganada.

O áspero silêncio acontecido

entre gritos e cânticos, mais nada.

Um ícone de ateu desiludido.

O limiar da náusea mutilada.

O seqüestro do anão adormecido.

A boca da soprano bem calada.

Cai do trapézio a loura trapezista,

tigres em jejum comem domadores

e o mágico perdeu a bailarina.

Um cego paga o seu TV à vista.

Dois surdos-mudos líricos cantores.

Um bêbado movido a gasolina.

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