Só fera pra comemorar os 40 anos de música

Mauro Senise comemora 40 anos de carreira com o projeto Afetivo: um CD, um DVD e uma embalagem especial contendo os dois produtos. Gilson Peranzzetta, Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal, Edu Lobo, Wagner Tiso, Odette Ernest Dias, Sueli Costa, Rosana Lanzelotte, Silvia Braga, Robertinho Silva, David Chew, Leonardo Amuedo, Zeca Assumpção, Ricardo Costa, Paulo Russo, Luiz Alves, Ivan “Mamão” Conti, a Orquestra dos Sonhos, e os grupos Cama de Gato e Quinteto Pixinguinha participam desta festa com o flautista e saxofonista. Por email ele falou com a POP.

Como foi a escolha do repertório para comemorar os 40 anos de carreira?

Na verdade, eu queria contar neste projeto com todos os músicos que foram importantes na minha carreira. O repertório surgiu naturalmente de cada uma das formações com que gravei. A começar pela minha professora de flauta Odette Ernest Dias, com quem gravei “Feitio de Oração”. Egberto, por exemplo, trouxe “Bodas de Prata”, que foi a primeira música que gravamos em duo há mais de 30 anos! Sueli Costa me deu a inédita “Afetivo”, composta por ela especialmente pra mim, Jota Moraes, meu companheiro no grupo Cama de Gato, compôs “Tiê Sangue” para o Cama gravar neste CD e DVD, Gilson Peranzzetta, meu parceiro há 22 anos, me deu de presente duas músicas lindas, “Mauro e Ana” e “ Choro sim porque não”, esta em parceria com Chiquinho do Acordeon. “Feita à mão” foi criada por mim na hora, com Hermeto harmonizando logo em seguida, durante a gravação. Enfim, as músicas foram sendo escolhidas por mim juntamente com meus parceiros.

Foi difícil reunir tanta gente?

É sempre difícil reunir músicos deste gabarito, com agendas apertadíssimas, para gravarem em uma semana apenas. Mas, ufa, tive sorte… Todo mundo estava empenhado e louco pra participar. Tenho até hoje uma ótima relação de admiração, respeito e amizade com todos eles.

No país do Axé, do sertanejo universitário, dos funks, como você analisa o espaço para a música instrumental? De alguma forma ela tende a se popularizar?

Acho que a música instrumental jamais será popular. Pelo simples fato de que é preciso ter ouvidos mais bem treinados, mais acostumados à melodia, à harmonia e às sutilezas de um gênero mais sofisticado. Como este tipo de música não toca no rádio nem na TV, as chances dela ser mais bem compreendida pela maioria dos ouvintes é bem pequena. Se bem que quando as pessoas mais simples têm acesso à ela, gostam. Tudo é uma questão de sensibilidade… É preciso dar às pessoas acesso à música instrumental.