Sinfônica faz a última apresentação do ano

A Orquestra Sinfônica do Paraná, sob a regência do maestro Alessandro Sangiorgi, se apresentará hoje, às 10h30, no Auditório Bento Munhoz da Rocha Netto (Guairão). No programa, Abertura Trágica, Op. 81, de Brahms; Concerto para piano e orquestra em la menor, Op. 16, de Edvard Grieg, que terá como solista o pianista Álvaro Siviero; e na última parte, Poema Sinfônico para orquestra, Tod und Verklärung – (Morte e Transfiguração), de Richard Strauss. Ingressos a R$ 6,00.

A peça Abertura Trágica, de Brahms, foi escrita em 1880. Na forma sonata, tem sofrido constantes interpretações literárias sem muito êxito. Mas o próprio compositor se refere a ela como ?música pura?, dentro de um temperamento nórdico.

Johannes Brahms nasceu em Hamburgo e seu dom precoce fez com que seu pai, também músico, o levasse a estudar aos 7 anos, com o objetivo de o tornar um membro de orquestra. Aos 14 anos deu seu primeiro concerto público, quando tocou algumas de suas composições. Ganhava seu dinheiro trabalhando numa taberna e escrevendo algumas composições.

O pianista Álvaro Siviero
será o solista.

A partir de 1860, Brahms torna-se uma pessoa intransigente na defesa do classicismo, contra uma outra corrente liderada por Liszt e Wagner, dividindo o mundo de então em duas facções, os admiradores de Wagner, mais modernistas, e os defensores da forma clássica de Brahms. Estas duas correntes se enfrentavam não só por meio de palavras, como por manifestações brutais de grosserias e agressões físicas. Estas manifestações fizeram com que ambos os compositores se tornassem mundialmente conhecidos, fazendo-os amealhar volumosas importâncias financeiras adquiridas por seus direitos autorais.

Brahms passa a ser o regente da orquestra Singakademie entre 1863 e 1864, e da Gesellschaft der Musikfreunde de 1872 a 1875. A partir de 1875, consagra seu tempo, na íntegra, à composição.

Grieg

O Concerto para piano e orquestra em la menor, Op. 16, foi escrito em 1868, quando Grieg tinha 25 anos e se encontrava na Dinamarca em companhia de vários amigos entre os quais o pianista Edmund Neupert, a quem o concerto foi dedicado. A estréia do concerto deu-se a 3 de abril de 1870 em Roma. Liszt ao ver o concerto teceu-lhe grandes elogios.

A obra possui um charme nórdico. Inicia-se com um rulo dos tímpanos e o piano inicia sua aparição. Após uma pequena introdução surge, o primeiro tema baseado nas danças populares chamadas de halling.

Esta obra terá a participação do pianista Álvaro Siviero. Um grande tutti com o tema inicial, traz a grandiosa cadência do pianista, que leva à breve Coda final que termina com os acordes iniciais. No segundo movimento, as cordas, trompas e fagotes desenham passagens melancólicas dando lugar a uma melodia própria ao piano, acompanhada pelas cordas de uma forma simples. O terceiro movimento inicia-se com uma introdução pontuada por notas rápidas dos clarinetes, fagotes e depois o piano solista, antecedendo a exposição do primeiro tema que também é um ritmo halling com fortes e sonoros acentos. Uma obra rica de idéias nacionalistas e de um lirismo sem igual faz desta obra uma pérola da música romântica.

Álvaro Siviero, convidado para esta obra, começou seus estudos de piano aos quatro anos de idade. A partir dos 7 anos começou a se apresentar regularmente em público e, dois anos mais tarde, com apenas 9 anos de idade, foi condecorado com o prêmio ?Medalha de Ouro? do Governo do Estado de São Paulo para Jovens Talentos.

Aperfeiçoou-se em técnica pianística na Universität für Musik und darstellende Kunst de Viena e na Hochschule Mozarteum em Salzburg, com Noel Flores e Georg Steinschaden. Em Milão, estudou com Annibale Rebaudengo e, na Academia Nazionale de Santa Cecília, em Roma, com Piero Tramoni. Em Curitiba, coordenou o ciclo didático Concertos Mensais, de música de câmara, para cerca de 3 mil espectadores. Atuou também como pianista na Orquestra Filarmônica da Universidade Federal do Paraná.

Em 2006, Álvaro Siviero participará do curso de Master Class em Beethoven na Casa Orfeu, em Positano, Itália, fundado por Wilhelm Kempff. Prepara-se agora para apresentar-se, na segunda quinzena de novembro, no Teatro Del Libertador, em Córdoba, interpretando a integral das Polonaises de Chopin e, como solista, em Buenos Aires, dentro dos projetos concretos para a integração cultural do Cone Sul, desenvolvidos pela Secretaria de Estado de Cultura, Consulado Geral do Brasil em Córdoba e pela Embaixada do Brasil no referido país.    

Strauss

Morte e Transfiguração, Op. 24 foi composta em 1890, com estréia em Paris. É um poema sinfônico em forma de sonata, forma esta que consagrou compositor a partir de 1886. É o primeiro poema sinfônico de Richard Strauss baseado em uma narrativa. Este obra é reconhecida como a precursora do expressionismo da música.

Strauss, no leito de morte, teria dito a seu filho: ?Agora posso afirmar-te que tudo o que compus em Morte e Transfiguração era perfeitamente justo: vivi exatamente tudo aquilo nestas últimas horas…?

Os poemas sinfônicos formam a parte mais querida pelo público da obra de Strauss. A grande parte deles foi composta entre 1886 e 1898, nos anos posteriores à estadia em Meiningen. Neles, Strauss mostra-se um orquestrador de enorme estatura, do calibre de um Rimsky-Korsakov, de um Ravel. Como o maestro Sir Georg Solti gostava de exagerar, ?em Strauss a orquestração é tão fantástica que até quando a música é mal tocada ela soa maravilhosamente bem?.

O conjunto dos poemas sinfônicos de Strauss formam o mais criativo e elaborado já composto no gênero, e estão entre as obras mais interessantes e as mais executadas do compositor.

Orquestra Sinfônica faz balanço positivo

O concerto de hoje marca o encerramento das atividades oficiais da Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP), em 2005. Se por um lado a Orquestra sofre com as limitações causadas pela falta de incentivo financeiro, por outro, fecha o ano com um balanço positivo. Segundo o pianista Álvaro Siviero, convidado como solista para o Concerto para piano e orquestra em la menor, Op. 16, de Edvard Grieg, a orquestra cresceu e está motivada. ?Os músicos da sinfônica possuem um potencial imenso; a orquestra tem um público cativo em Curitiba e seus membros querem realmente dar um passo à frente?, diz. Recentemente, um grupo de músicos da sinfônica, liderado pelo violonista José Maria Magalhães Silva, criou a Orquestra Filarmônica do Paraná. Em busca de um novo diferencial e de novos patrocinadores, o quadro de músicos foi acrescentado por artistas de Londrina e São Paulo. ?Com essa movimentação, inclusive com o concurso interno realizado pela sinfônica, a qualidade da música dá um salto?, afirma Siviero. Para ele, o ano só não encerra perfeito porque o concerto de hoje também deveria ocorrer em duas cidades da Argenina. Devido a falta de verbas para viajem, a sinfônica encerra 2005 em Curitiba. ?A sinfônica tem tudo para deslanchar. Melhores salários e o possível sucessos da filarmônica dará nova vida para a OSP?, conclui.

(Daniel Seleme Trouche)

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