Semana de Arte do Paraná / Brasil em Córdoba – Argentina

A Secretaria de Estado da Cultura promove, com apoio Itamaraty, Consulado Brasileiro em Córdoba e do Governo de Córdoba, a primeira grande mostra paranaense na Argentina. A cidade escolhida foi Córdoba, que receberá manifestações artísticas, de artesanato, cinema, fotografia e arquitetura. A abertura ocorre hoje, às 20h30, no Teatro Del Libertador, com um concerto do pianista Álvaro Siviero que interpreta Brasílio Itiberê e Bento Mossurunga, entre outros.

Para a terça-feira estão programadas as aberturas das exposições de gravura, fotografia, videoarte, arquitetura e artesanato, na Biblioteca de Córdoba. Cada uma das mostras teve curadoria própria. A de videoarte foi João Henrique Amaral, a de gravura, Geraldo Leão e a de cinema, Francisco Alves dos Santos, todos críticos atuante em suas áreas. No mesmo local ocorre o Ciclo de Palestras, o Recital de Poemas e o Ciclo de Cinema Paranaense.

A MATRIZ E A LINGUAGEM – GRAVURAS PARANAENSES

Núcleo histórico: 10 obras de Poty e 10 de Guido Viaro.

Mais os artistas: Alex Cabral, Denise Bandeira, Fabio Noronha, Fernando Burjato, Gabriele Gomes, Lílian Gassen, Lívia Piantavini, Raul Cruz, Rossana Guimarães, Sandra Natter, Vera Bagatoli, William Machado.

Seguindo uma linha de pensamento iniciada na XII Mostra da Gravura de Curitiba, nos anos de 1999/2000, esta exposição parte de um conceito de gravura marcado pelas idéias de incisão, transporte de material de um corpo a outro, desdobramento a partir de uma matriz e reprodução. A partir daí, a exposição é pensada não apenas como uma reunião de obras, mas de artistas envolvidos na discussão destes parâmetros, que constituem sua poética a partir destes procedimentos técnicos ou conceituais.

POTY E GUIDO VIARO

A exposição circula em volta de um núcleo básico, formado por Poty e Guido Viaro, artistas fundamentais para a formação do pensamento visual da gravura no Paraná. Além deles, e vistos de maneira geral, os trabalhos ou pensamentos que fazem parte desta mostra desdobram-se a partir de uma matriz ou sentido básico, gráfico ou cultural, declarando o caráter transitório, de passagem, da linguagem através de suas marcas físicas na carne do mundo ou na sua alma. Vemos aqui uma revelação dos processos de transmissão de significado, revelando os mecanismos da alteração desses sentidos pela seqüência, repetição com deslocamento, seja a partir de determinada matriz cultural, de um acontecimento gráfico concreto ou de um sistema tradicional de referência.

Pensando assim, temos uma matriz básica e imaterial – o conjunto de significados produzidos por toda produção artística anterior -mais as reflexões sobre ela, e uma operação que articulando os materiais, coloca-os em ressonância com aquela matriz, como um gesto que sempre aponta para a cultura, alguma cultura. Este rebatimento de mão dupla, entre uma ação física sobre determinado material e sua articulação com o universo simbólico em constante expansão a que chamamos história da arte, é o ponto onde o passado pisa a praia do mundo. Ali é o momento da obra que, ao tocar esta areia, passa a fazer parte da outra, como que apontando ao náufrago as possibilidades, muitas vezes inquietantes, à sua espreita.

Na verdade, claro, as coisas não se passam assim tão claramente como na boa e velha separação entre matéria e espírito, e o movimento de significados em perpétua revolução não apenas “anima” uma matéria estéril mas, antes, o campo simbólico de referências também faz parte do material que constitui as novas obras. Assim, os desdobramentos e as configurações possíveis, abertas durante o processo de sua construção, dão origem a estes novos objetos que, com sorte, se aproximam de uma buscada indissociabilidade entre “forma” e “significados”.

Então, os artistas componentes desta exposição têm em comum, a saber, a atividade sobre a idéia de passagem, de pontos onde ocorre a transferência de sentidos do mar indiferenciado das ofertas culturais, operando com seqüências, repetições e deslocamentos a partir de uma matriz – cultural ou física que possibilitem o cruzamento de linguagens ou visões de mundo, pontos de fronteira onde alguma “tradução” ou transposição de sentido será possível.

ViDEOARTE

Da atual geração de artistas paranaenses, apresentamos quatro criadores de vídeoarte: Carlos Henrique Túlio, Guita Soifer, Murilo Hauser, Rafael Tavares. Em comum, o “aspecto circular” de suas obras, como moto-perpétuo, looping cujo começo, meio e fim se alternam, se revezam e se completam. As cinco obras são de curta duração, com registros de memória ou humor sutil. O minimalismo da ação em alguns momentos pode ter intensidade cenográfica. As vezes a imagem é estraçalhada. Em outras, sugerida. A trilha sonora ou o silêncio tem papel preponderante no envolvimento dos espectadores. Vídeoarte, antes de tudo, abarca muitas mídias, miscigenando linguagens. Percebe-se indícios de gravura, segredos e sutilezas do teatro e da dança, a cadência emocional da música, e, é claro, referências a fotografia e ao cinema. E há mais! Vídeoclipe, expressões urbanas; grafite e pichação, questões ecológicas e “desroteirização”, possibilitando o “aspecto circular” a que nos referimos a pouco. João Henrique do Amaral Setembro de 2004

CINEMA PARANAENSE

Esta mostra compreende um apanhado das produções mais recentes do cinema do Paraná. Juntamente com filmes de realizadores veteranos como Sylvio Back e Sergio Bianchi, foram incluídos filmes de novos realizadores, como Eloy Ferreira, Berenice Mendes, Geraldo Pioli, Paulo Munhoz.

Das diversas formas ou meios de expressão de arte no Paraná, o cinema talvez seja dos que, nas suas criações, com variedade de temas, mais tem traduzido valores, anseios, referências e conquistas, quanto aos diversos segmentos da vida paranaense, seja no aspecto social, étnico, cultural, e outros.

PROGRAMAÇÃO:

Hoje às 20h30

Concerto do pianista Alvaro Siviero

Local: Teatro Del Libertador

Av. Velez Sarfield, 365

Dia 21/9 – 19 h.

Abertura das Exposições de Gravura,

Fotografia, Vídeo Arte, Arquitetura

e Artesanato.

Local: Biblioteca Córdoba

Rua 27 de Abril, 375

Dia 22/9 – 19 h.

Abertura do Ciclo de Cinema

Paranaense -Programa 1

Palestra do crítico de cinema

Francisco Alves dos Santos

Local: Biblioteca Córdoba

Dia 23/9 – 19 h.

Recital de Poemas de Domingos

Pellegrini, Paulo Leminski e Pablo Neruda.

Apresentação: escritor Domingos Pellegrini

Ciclo de Cinema Paranaense – Programa 2

Local: Biblioteca Córdoba

Dia 24/9 – 19 h.

Ciclo de Cinema Paranaense – Programa 3

Local: Biblioteca Córdoba

Dia 25/9 – 19 h.

Ciclo de Cinema Paranaense – Programa 4

Local: Biblioteca Córdoba

Dia 26/9

Encerramento das exposições.

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