A mexicana “Viva às Crianças”, que o SBT estréia, tem um nome esquisito, mas a trama é velha conhecida por aqui. A novelinha infantil de Abel Santa Cruz é um “remake” de “Carrossel”. Como a original, a trama gira em torno de uma escola, uma doce professora e simpáticos, mas problemáticos, alunos. As diferenças são sutis. A professora Lupita, por exemplo, agora é órfã de mãe, antes era de pai. Agora o pai está vivo, mas também é dependente da filha. Além disso, ela ganha o direito de se apaixonar e encontrar um grande amor. As demais características continuam inalteradas. Há o honesto e doce porteiro da escola e a rígida diretora.
“Viva às Crianças” vai substituir “Cúmplices de um Resgate”, mas estréia uma semana antes do final de “Cúmplices”. “Trata-se de uma questão estratégica”, explica o diretor de programação do SBT, Mauro Lissoni. A intenção da emissora é aumentar em um terço a média de audiência do horário das 19 h dos 15 pontos em 2002 para 20. O otimismo com a performance de “Viva às Crianças” não é à toa. O sucesso de “Carrossel” foi tão significativo que chegou a incomodar a Globo, que exibia naquele 1991 a novela “O Dono do Mundo”, de Gilberto Braga. A trama politicamente incorreta da novela global aliada à simplicidade do enredo mexicano embalaram o sucesso de “Carrossel”. A aposta do SBT agora também não é diferente. “Iremos aproveitar o fato de estarmos concorrendo com produtos que estão aquém das metas da Globo, para alavancar a audiência do horário”, acredita o diretor. Além disso, Lissoni cita o fim do horário de verão e das férias escolares como outro motivo para o otimismo da emissora.
Carrossel
O fenômeno “Carrossel” influenciou diretamente no destino das novelas globais. Gilberto Braga precisou transformar bandidos em mocinhos em “O Dono do Mundo” para reconquistar o espectador. “Tive de mexer na personalidade do Beija-Flor. Coitado, ele ficou tão bonzinho…”, disse o autor na época, referindo-se ao personagem de Ângelo Antônio. Esta capacidade da novela, em atrair um público além do infantil e provocar mudanças na programação da concorrência, leva a crer que a escolha por exibir “Viva às Crianças” foi acertada. O histórico de “Viva às Crianças” aumenta as expectativas, uma vez que a novela é sucesso de público e crítica no México.
Outro motivo que incentiva o SBT a apostar na novela é a carência de bons programas para as crianças. A boa audiência da nova versão do “Sítio do Pica-pau Amarelo”, segundo a emissora, é um exemplo de que a adaptação de velhas produções podem fazer sucesso. “Este tipo de programas são ótimas opções de entretenimento, mesmo com suas fórmulas já conhecidas” acredita Mauro Lissoni. A emissora acredita também que o conteúdo despretensioso é capaz de cativar todas as faixas etárias, não só as crianças.
A despretensão da história começa logo no primeiro capítulo, com a apresentação dos personagens e suas personalidades. O amor da professora Lupita pelos alunos transparece logo nas primeiras cenas. Os conflitos e as dificuldades encontradas pelas crianças dão o tom inicial e avisam que vão ser o carro-chefe da história. Assim como “Carrossel”, “Viva às Crianças” é uma novela de longa duração – estreou no México em julho do ano passado – e ainda não tem previsão de quando vai acabar.
Quem é quem
Lupita (Andrea Legarreta), de origem humilde, a nova professora da escola.
Joaquim (Joaquin Cordero), desde que ficou viúvo, há 20 anos, trabalha como porteiro da escola. Alaide (Raquel Olmedo) é a diretora da Escola Pátria Unida.
Inacio
(Ignacio Lopez Tarso) Benfeitor da escola. Afonso Galhardo (Miguel de León) Um fazendeiro que conhece Lupita. Marisol (Daniela Aedo) É uma menina simpática, e ótima aluna. Diogo Jr. (Oscar Alberto) é um aluno que sempre ajuda os colegas. Simoninha (Natalia Juarez) é a melhor aluna da turma, mas sente-se superior aos colegas por ser rica. Ângelo (Christian Stanley) Um garoto romântico e ingênuo. É negro e pobre.Lucas
(Andres Marquez) Mau aluno e fanático por futebol, Lucas é repreendido pelo pai por isso.