Sandra Corveloni volta a Molière para criar ‘Doente’

Na última edição do Prêmio Shell de Teatro, um azarão arrebatou sozinho três troféus. Depois de estrear sem muito alarde e sem grande atenção da imprensa, a montagem de “L’Illustre Molière” terminou 2012 consagrada como uma das melhores do ano. Agora, é a vez do mesmo grupo, a Cia. D’Alma, e a mesma diretora, Sandra Corveloni, voltarem ao universo do grande comediógrafo francês para criar “Doente”.

Com estreia marcada para esta sexta-feira, 25, no Teatro da Aliança Francesa, a peça toma como base o clássico do século 17, “O Doente Imaginário”. Mas não se restringe a ele. Bebe em vários dos escritos em que Molière tematizava a relação do homem com a medicina, entre eles O Senhor de Porqueiral. “Último texto dele, O Doente Imaginário, não é uma de suas melhores obras”, comenta a diretora. “E o nosso foco nessa montagem era a hipocondria. Essa mania que a gente tem de querer um remédio para tudo, uma fórmula mágica.”

A ressonância atual do tema incentivou o espetáculo. “A gente hoje vive emparedado, com medo. Mais ou menos como esse personagem”, pontua Sandra. “Só que não dá para chegar e dizer isso para a plateia. O que interessa é encontrar uma poética para falar de tudo isso.” Na obra evidencia-se a busca por um teatro popular, que consiga aliar diversão a uma comunicação eficiente com a plateia.

Reconhecida por seu trabalho de atriz, Sandra Corveloni criou o grupo com a intenção de se deter sobre o universo cômico. “Apesar da minha trajetória ligada a papéis dramáticos, tenho um pé na comédia”, diz ela, premiada como melhor interpretação feminina no Festival de Cannes pelo longa “Linha de Passe” (2008).

Traço essencial em “L’Illustre Molière” era a presença da música. A tônica se repete em “Doente”, com atores cantando e tocando instrumentos em cena. Mas o caminho trilhado desta vez difere do apego a canções renascentistas que surgia na montagem inaugural da companhia. “É uma sonoridade mais experimental. Com muitas onomatopeias, barulhos, um estado musical que serve para contar a história”, observa a encenadora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

DOENTE

Teatro Aliança Francesa (Rua General Jardim, 182, V. Buarque, tel. 3017-5699). 5ª e 6ª, às 21 h. R$ 40. Até 29/11.

Voltar ao topo