Rush na concorrência vespertina

Astrid Fontenelle avisa que não se acomoda. Um ano à frente do “Melhor da Tarde”, da Band – onde divide o palco com Leão Lobo e Aparecida Liberato -, a apresentadora percebeu que a concorrência vespertina na tevê está crescendo cada vez mais. E é justamente a proliferação de programas que mesclam assuntos femininos, fofocas envolvendo celebridades e atualidades em geral, como “A Casa é Sua”, da Rede TV!, “Note e Anote”, da Record, e “Falando Francamente”, do SBT, que deixa Astrid atenta e confiante.

“A briga à tarde está acirrada e acho superpositivo o programa ter sobrevivido em meio a tanta concorrência”, enaltece a apresentadora. A disputa é mesmo ferrenha. O “Melhor da Tarde” registra média de 3 pontos no Ibope, empata com seus concorrentes na Rede TV! e na Record e perde apenas para o líder “Falando Francamente”, do SBT, que alcança seis pontos. E mesmo com a quantidade de programas parecidos, Astrid não acredita que este tipo de produção já esteja desgastado. “O que está pegando firme agora é atualidade e misturamos entretenimento com atualidade. À tarde, não tem mais acomodação e nem como ficar na mesmice”, acredita.

P

– Você está há um ano no comando do “Melhor da Tarde”. Que avaliação faz do programa?

R

– Superpositiva. Ainda mais com essa concorrência acirrada à tarde. A programação vespertina era mais acomodada. Hoje, o “pau come”. Além disso, os executivos de tevê não estão com muito mais tempo para testes e avaliações a longo prazo. Por isso, considero positivo o fato de o programa ter sobrevivido. E acho que a gente superou o maior obstáculo, que era compor o programa com três apresentadores. Nós estamos afinados e afiados. Não há ensaio ou combinação prévia. Há sim um entrosamento muito bom entre a gente, com cada um preservando sua característica.

P

– O fato de dividir o palco com dois apresentadores facilita?

R

– Nem facilita, nem é melhor. Só não sabia o quanto era difícil. É um exercício de generosidade diário. Até porque não estou disputando com o Leão e sim com a Leonor Corrêa – apresentadora do “A Casa é Sua”, da Rede TV!. Há resultados negativos, como a vez em que Clodovil e a Cristina Rocha comandaram juntos o “Mulheres”, da Gazeta. Tem gente que não nasceu para dividir programa. É que nem casamento. Tem de agüentar maus humores e o “timing” de três.

P

– A concorrência está mesmo acirrada à tarde. Você não acha que esse tipo de programa está ficando manjado?

R

– O que ficou manjado foi a fórmula do programa tipicamente feminino. Aquele papo de fazer bolinho de aipim não dá mais. As mulheres já têm todas as receitas. O que está pegando firme agora é atualidade. No nosso programa, misturamos entretenimento com atualidade e isso é o que pega. E, na programação vespertina, não tem mais acomodação. Ninguém vai ficar 20 anos fazendo a mesma coisa. Estar na concorrência não significa copiar a concorrência.

P

– Você sempre criticou programas populares e agora está à frente de um. Você não tem vontade de fazer outro tipo de programa?

R

– Tenho vontade de voltar a fazer grandes entrevistas como fazia na MTV e aqui mesmo na Band, com o “Programaço”. Mas acho que não soube me expressar bem. Não sou contra ser popular. Sou contra ser popularesco. Quero falar com o povo. A tevê passou a ter um papel que pertence ao Estado, que é o de informar e, certas vezes, o de formar também. Eu me sinto muito confortável em ser popular e ter essa minha pegada. O apelativo é que acho baixaria.

P

– Mas você não acha apelativo, por exemplo, o quadro de fofocas do Leão Lobo no “Melhor da Tarde”?

R

– Mas quem não faz fofoca? O grau de fofoca é que varia. O Leão fala o que o povo sabe e quer saber. Até minha mãe, por exemplo, vivia perguntando para mim se fulano era veado ou se sicrana era sapatão. Ela só parou depois que eu falei: “Mãe, lembra que alguém pode estar fazendo alguma pergunta desse tipo a respeito de sua filha…”. Temos de parar um pouco com esse preconceito. Além disso, não levo nem um pouco a sério fofoca. Inclusive, costumo dizer que vim ao mundo para esculhambar a fofoca.

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