Romântica determinação

Cinéfila de carteirinha, Christiana Kalache garante que só está vivendo a Kika, em Cobras & Lagartos, porque antes se apaixonou por cinema. Ainda na adolescência, a atriz carioca passou a estudar interpretação no tradicional Teatro Tablado, celeiro de jovens talentos da tevê. Desde então, Christiana não parou mais e atuou em diversas peças do diretor Moacyr Góes e apenas em uma produção na telona: o longa Lavoura Arcaica, baseado na obra de Raduan Nassar. Na tevê, contudo, a atriz de 34 anos estreou apenas em 2001, quando fez a Aninha, de O Clone. Mesmo assim, Christiana acredita que começou na hora certa. Em sua terceira novela, ela confessa que acha graça das estripulias da romântica Kika, que quer se casar a qualquer custo com Foguinho, personagem de Lázaro Ramos. ?O legal é que o público sempre me diz que torce por ela e pelo amor dos dois?, orgulha-se.

P – A Kika é uma jovem que sonha em se casar, enquanto que a Bebela, de América, queria, de qualquer forma, arrumar um marido. Não ficou com receio de interpretar personagens com perfis tão parecidos?

R – De forma alguma. Acho que são muito diferentes entre si. Se realmente as duas fossem iguais, eu nem toparia fazer. A Bebela, apesar de ser uma adolescente que queria um namorado de qualquer maneira, não se parece em nada com a Kika, uma jovem que quer apenas se casar com o Foguinho e ser feliz. A Kika, por sinal, tem um perfil mais rico, com várias nuances a realçar e não fica apenas querendo um homem. Ela tem toda uma história só dela, trabalha e não é uma bobinha. Cobras & Lagartos, aliás, é uma novela bem diferente das outras duas que fiz.

P – Que características da trama lhe chamam mais atenção?

R – Cobras & Lagartos parece conter vários ?sitcoms? dentro de uma novela. São várias histórias paralelas que se desdobram sozinhas. As tramas que acontecem no meu núcleo familiar, por exemplo, apesar de dialogarem com o resto da narrativa, muitas vezes são independentes. O mesmo acontece com os núcleos do Foguinho, de Lázaro Ramos, da Milu, da Marília Pêra, e da Silvana, da Totia Meireles. São histórias independentes, separadas, mas todas se encaixam no todo.

P – A Kika já foi abandonada no altar pelo Foguinho. Mesmo assim, faz de tudo para ficar com ele. Como você analisa o comportamento dela?

R – É impressionante como as pessoas realmente torcem pelo Foguinho e, por tabela, pela Kika. Apesar de ter feito muita besteira, o personagem do Lázaro é muito querido e isso se reflete com a Kika, que acaba se tornando também muito estimada por todos. O público cria uma simpatia natural pelos dois. Além disso, acho que a única pessoa que gosta do Foguinho é a Kika e, dessa forma, sinto que o público realmente torce por ela.

P – Apesar da carga de dramaticidade, sua personagem também carrega uma boa dose de humor e protagoniza cenas hilárias. Você se sente mais à vontade com a comédia?

R – Acho que o tom de comédia está no texto. Mas eu não gosto de fazer graça pela graça. Nem me vejo como uma comediante. Sou uma atriz que tem uma carga inerente de humor, mas não é nada proposital. Além disso, quanto mais a gente levar a sério a personagem, mais engraçada ela fica, pois as situações são absurdas. Mas procuro não resvalar para o deboche, para a caricatura, que é o grande perigo. Mas acho que a minha cara também ajuda.

P – Aliás, a tevê está recheada de gente bonita e você foge dos padrões estéticos. Como lida com isso?

R – Não tenho um rosto lindo, não estou no padrão, é verdade. Mesmo assim, consegui me impor e mostrar meu trabalho. Acho que fui conquistando meu espaço aos poucos e encontrei meu lugar. Foi até bom ter demorado a entrar na tevê, pois as coisas acontecem na hora que têm de acontecer. Se tivesse começado antes, talvez não estivesse preparada para trabalhar. Hoje, por sinal, sou menos ansiosa como pessoa, o que ajuda na hora do trabalho. Valeu à pena esperar. 

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