Rolling Stones comemoram meio século de banda e apostam nos hits certeiros

O último disco dos Rolling Stones já tem uma década de vida. A Bigger Bang completou 11 anos em 2016, e o afastamento quase completo dos estúdios há uma década – com exceção das duas inéditas lançadas na coletânea GRRR!, em 2012 – desobriga os maiores e mais relevantes dinossauros em atividade no rock mundial a não se prenderem ao repertório desse ou aquele disco lançado.

Pela primeira vez, o grupo de Mick Jagger, Keith Richards, Ronnie Wood e Charlie Watts não tem obrigação de divulgar absolutamente nada. A não ser, é claro, eles mesmos. O quarteto comemorou 50 anos de carreira há quatro anos e seguiu com a festa até agora. A turnê que chega a São Paulo nesta quarta-feira, 24, no Morumbi, às 21h, é uma espécie de best of ou greatest hits. Só o fino, e obviamente aquilo de mais popular na produção deles, entra na concorrida briga por um lugar entre as 18 escolhidas pelo quarteto inglês. Os Stones voltam ao estádio paulistano no sábado, 27, às 21h. Nos dois dias, os portões são abertos às 16h.

Pela cidade, o grupo passou duas vezes. Em 1995 e 1998. Na primeira passagem, tocaram no Hollywood Rock e no Estádio do Pacaembu, sempre empenhados em vender mais algumas cópias de Voodoo Lounge, disco lançado no ano anterior. Em 1998, mais uma ‘stone mania’ invadiu a cidade, daquela vez com o álbum Bridges to Babylon debaixo dos braços. Nas duas ocasiões, os discos em questão tiveram quatro de suas músicas mostradas nas performances. Em uma celebração como essa prestes a invadir a zona sul da capital paulista, isso não existe. Aliás, Voodoo Lounge sequer é lembrada nessa Olé America Latina, iniciada no Chile no início do mês. Bridges to Babylon, por sua vez, é lembrada apenas com uma canção, a excelente Out of Control.

Se levarmos em consideração o disco mais tocado em um repertório médio, baseado nas seis apresentações dos Stones até esse show no Morumbi, como é possível ver no quadro abaixo, somos levados diretamente para o período mais prolífero e audacioso da banda, na virada dos anos 1960 e início da década seguinte.

A grande estrela desse set list é Let It Bleed, com quatro prováveis músicas. Quase certas são Midnight Rambler, Gimme Shelter e You Can’t Always Get What You Want – essa última é um dos hinos dos Stones, uma das mais precisas constatações sobre as frustrações da vida moderna. You Got the Silver foi executada em três das seis apresentações latinas, e entra na cota das duas músicas cantadas pelo guitarrista Keith Richards a cada show. E Let It Bleed, definitivamente, não é um álbum qualquer. Com ele, em 1969, os Stones foram capazes de sacar Abbey Road, dos Beatles, do topo da parada de discos mais vendidos no Reino Unido. É um disco também de transição. O último com a participação do guitarrista, fundador e então líder da banda Brian Jones, destituído do cargo e, meses depois, encontrado morto na piscina, sob circunstâncias misteriosas. Também marca o início da era de Mick Taylor na guitarra, quando ele ainda tinha apenas 20 anos, e marca justamente essa fase celebrada na turnê, tendo gravado também os discos Sticky Fingers (1971) e Exile on Main St. (1972).

O recorte médio que o atual tour permite tem início em 1965, quando os Stones iniciam a ascensão ao estrelato. Embora eles tenham conseguido alguns primeiros lugares no mercado local, os quatro não haviam experimentado o sucesso internacional. Algo que veio com (I Can’t Get No) Satisfaction, faixa escolhida por encerrar a apresentação. A partir desse ícone da cultura pop, os Stones construíram uma das mais brilhantes e longevas carreiras que já se viu no rock and roll – e, justamente por isso, uma canção com 51 anos de idade se mantém no roteiro da banda.

São 24 discos de estúdio lançados pelo grupo ao longo da carreira – um número maior do que a quantidade de canções apresentadas por noite. Por isso, muito fica de fora.

Os Rolling Stones, contudo, sabem como funciona o show biz como poucos. Sobreviveram aos anos loucos iniciais, aos abusos, à tríade de sexo, drogas e rock and roll, aos difíceis anos 1980, à velhice, às intrigas. São sobreviventes, afinal. E, ao vivo, são capazes de levar multidões de volta aos anos dourados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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