Represa do Passaúna, lugar de in(ter)venção

Lago amarelo é um convite à reflexão sobre a arte contemporânea e suas linguagens. Reúne pesquisa em dança e pesquisa em artes plásticas realizada por Mônica Infante e Laura Miranda. Ambas, por meio de seus trabalhos, têm como proposta instigar a discussão sobre as fronteiras entre essas linguagens. A partir do corpo como foco, as artistas extrapolam as fronteiras da dança e das artes plásticas nesta obra.

O trabalho propõe uma jornada em que o foco é o próprio caminho. O sujeito é convidado a percorrer circuito alternativo ao espaço convencionado para a arte. Esse circuito se constitui de deslocamentos e pausas em que o espectador é convidado a participar de forma mais ativa, pois compartilha a experiência estética com as artistas. Nessa idéia de nomadismo, qualquer territorialização é apenas uma pausa provisória.

A performance começa quando o público, máximo 20 pessoas por apresentação, entra no microônibus na Praça Santos Andrade para ser conduzido até o lago do Passaúna. No veículo, o espectador recebe orientações e informações sobre o trabalho e, naturalmente, acompanha a mudança da paisagem, que passa de urbana para rural. Já no espaço, se inteira do processo criativo, por meio de uma exposição de fotos, organizada em uma cabana. Após a performance, que tem duração aproximada de 40 minutos, o público tem a oportunidade de conversar sobre o trabalho com as autoras.

?No contexto da performance o corpo é ?vibrátil?, laboratório vivo que percebe o mundo como um campo de forças e que apreende o outro não apenas como representação formal, mas como presença viva?, esclarece.

Essa questão da experiência em tempo presente se torna ainda mais evidente pela escolha do espaço. Não se trata de um mero local alternativo de apresentação. A intervenção no lago, em cena aberta, ou seja, totalmente integrada à natureza, propõe uma outra temporalidade. O local da performance também é uma performance. ?Não é possível impor um ritmo próprio em ambiente aberto; nos resta, apenas, respeitar e relacionar-se com o ritmo da natureza. O trabalho se constrói a partir das condições impostas pelo ambiente, e cada dia elas são imprevisíveis?, explica Mônica.

d12.jpg?Esta experiência permite a observação do corpo diante de um sistema que propõe outras regras. Para interagirmos com a natureza tivemos que fazer certos acordos e correr riscos?, complementa.     

Uma viagem à Índia, realizada por Mônica, Laura e a também artista plástica Mariana Frochtengarten, em fevereiro e março deste ano, com o intuito de realizar o Projeto Tecido, Corpo e Arte, contribuiu para fundamentar a criação de Lago Amarelo. Por isso a fibra, elemento construtor do mundo orgânico, é peça chave no trabalho. Como metáfora, são utilizados 200 metros de tecido na performance. ? fibra está presente no tecido, no corpo e na natureza. O tecido como intervenção pontua essa unicidade?, revela Laura.

Serviço:

Performance Lago Amarelo.

Datas:  dezembro: dias 2, 3, 6, 9, 10, 13, 16 e 17. Local: saída (microônibus) em frente ao Teatro Guaira, na Praça Santos Andrade. Horários: saída 14h30 / retorno 18h.

Ingresso: R$ 10 e R$ 5 (estudantes e classe artística) Obs.: É servido lanche no local.

Utilizar roupas e calçados confortáveis.

É necessária a reserva antecipada, pois o número de pessoas em cada apresentação é restrito.

Telefones: (41) 3024-6010-9625-2067.

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