Pela primeira vez, personagem de Malu Mader se identifica com sua vida

Malu Mader confessa que Maria Clara Diniz é a personagem que mais tem a ver com seu universo pessoal nesses 20 anos de carreira. Tanto a atriz quanto a produtora musical de Celebridade são centralizadoras, por exemplo. Malu também convive, como a famosa protagonista, com o assédio da imprensa e transita no meio musical há 15 anos, pois é casada com o guitarrista dos Titãs, Tony Bellotto. “Mas não tenho tantas virtudes como a Maria Clara, pois não sou uma heroína de novela”, brinca a atriz. Longe da novela das oito desde 1991, quando viveu a controversa professorinha suburbana de O Dono do Mundo, Malu garante que o trabalho em Celebridade toma conta de sua vida. “Falo e penso na Maria Clara 95% do meu dia. Sobra uns 5% de vida real”, calcula a carioca.

Aos 37 anos, Malu chama a atenção pela maneira acelerada de falar e o jeito bastante simples. É do tipo que não esconde que se incomoda com a imprensa especializada no “mundo das celebridades” por achar que, muitas vezes, suas declarações são deturpadas. Mãe de Antônio e João, de seis e oito anos, a atriz assume que deixa os filhos verem Celebridade, incluindo as suas cenas mais “calientes” na pele de Maria Clara. “O erotismo faz parte da vida e não acho que as crianças devam ser poupadas da vida como um todo”, explica.

Desde que estreou em Eu Prometo, em 1983, Malu contabiliza dez novelas, três minisséries, um seriado e sete filmes, entre eles O Invasor, Bellini e a Esfinge e Mauá: O Imperador do Brasil. A atriz gosta de ressaltar que não acha que a tevê seja uma arte menor e que considera lamentável ter se afastado tanto do teatro. “É ridículo que uma atriz da minha idade, com a minha carreira, podendo ter produzido muitas peças, tenha ficado tão preguiçosa”, critica-se. No entanto, faz questão de dizer que voltou com muita disposição para encarar a maratona de capítulos em Celebridade. “Vim com tudo”, ressalta.

P – Até que ponto você se considera parecida com a Maria Clara?

R – É mais em aspectos superficiais, como ser centralizadora e gostar de estar no comando. Além, é claro, deste lado de conviver com a fama. Já as coisas de vida não têm nada a ver. Tenho filho, ela ainda não. Ela é solteira e não é artista, o que acho que faz muita diferença. A Maria Clara ser uma empresária define algumas diferenças básicas entre mim e ela. Também não tenho tantas virtudes, não sou uma heroína de novela. Mas tem particularidades que acho que o Gilberto, por me conhecer, empresta a ela. Talvez isso tenha tornando a Maria Clara a personagem mais próxima ao meu jeito.

P – Para você, a Maria Clara seria quem na vida real?

R – São muitas pessoas e não exatamente produtoras que passam pela cabeça. Monique Gardenberg, com certeza. Maria Luiza Jucá, Paula Lavigne também. Tem um pouco de Adriane Galisteu, pois a Maria Clara também ficou famosa porque o marido morreu no dia do casamento. Ela também foi musa do verão. Ou seja, não tinha nada de especial na personalidade da Maria Clara. Não é uma grande atriz, cantora, escritora… Se tornou empresária depois de famosa. Aproveitou.

Anos Dourados e os Rebeldes

Anos Dourados e Anos Rebeldes são os trabalhos preferidos de Malu Mader. Ao lado de Força de um Desejo, as duas minisséries de Gilberto Braga foram as únicas produções de época da atriz na tevê. “São as produções que me dão mais orgulho, embora adore fazer novela. Televisão para mim não é um arte menor”, ressalta Malu, que está na sua décima novela. A atriz acredita que as minisséries de Gilberto Braga conseguiram abordar com plenitude tanto a questão da narrativa histórica quanto do romance que envolvia os personagens. Anos Dourados, ambientada entre 1955 e 1960, teve um gosto ainda mais especial, pois a normalista Lurdinha era uma personagem bem distante do jeito da atriz. “Era um universo distinto, uma outra época, outro jeito de ver o mundo…”, compara.

Já a sua estréia em Eu Prometo, em 1983, foi tensa. Malu lembra que a novela carregava o estigma de “ser a última da Janete Clair”. Quando recebeu o convite, Malu ficou radiante pois era fã da autora. “Tinha acompanhado várias novelas dela, como Selva de Pedra, O Astro e Pai Herói”, enumera. Outra produção que ficou longe de ser um mar de rosas foi O Dono do Mundo. A heroína vivida por Malu na novela de Gilberto Braga foi rejeitada por ter traído o marido com o próprio chefe dele. A trama sofreu alterações para reconquistar a audiência. “É sempre complicado alterar o proposto. Mas a novela era boa e segurei o tranco. Devo ter sofrido, pois era mais nova”, arrisca.

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