Pela primeira vez, Marisol Ribeiro sente a repercussão de uma personagem de destaque

tv31.jpgMarisol Ribeiro ainda fica um pouco assustada com a reação que provoca nas ruas. E por mais que se acredite nas atitudes da atirada Kerry, de América, a atriz garante ser uma pessoa bastante tímida. Talvez por ficar encabulada, Marisol não sabe como escapar do assédio e acaba ouvindo os mais variados conselhos do público. Dia desses, por exemplo, ela empurrava um carrinho num supermercado, cuidando da própria vida, quando uma senhora a abordou. E fez para a atriz de 21 anos uma revelação ?chocante?: Júnior, interpretado por Bruno Gagliasso, não era o homem ideal para ela. ?Ela me alertou, falando bem baixinho para ninguém ouvir, que ele era gay. Em seguida, me mandou procurar outra pessoa para me envolver?, lembra, sem conter o riso. Além de conselhos, Marisol também tem ouvido gracinhas tanto do público masculino, como do feminino. ?Alguns gaiatos dizem que se o Júnior não me quer, eles querem. Já as meninas falam para eu não desistir, porque eu posso pelo menos tirar uma ?casquinha? do Bruno?, emenda.

Apesar de até achar engraçado o assédio dos fãs, Marisol também se sente um pouco incomodada com o atual sucesso na novela de Glória Perez. Isso porque, quando vai a São Paulo visitar a mãe, a também atriz Maria Ribeiro, não pode mais usar o metrô para ?cortar? a cidade, como fazia antigamente. Na época em que morava em São Paulo, Marisol costumava, sempre que estava chateada com alguma coisa, pegar o metrô e ir de uma ponta a outra da linha. ?Hoje, quando entro num vagão, as pessoas ficam me olhando. Chega a assustar, pois a gente nunca sabe quem está ao nosso lado?, pondera. O problema da fama, contudo, piora nas visitas ao pai, em Taubaté, interior de São Paulo. ?Eles ficam atiçados. Querem foto, autógrafo, conversar… Acho que isso faz parte, só não esperava que acontecesse tão rápido?, ressalta.

Resignada, Marisol já acredita que esse é o preço a pagar por conquistar algum destaque na trama das oito. Mas fica, de qualquer maneira, impressionada com a diferença de repercussão gerada pela novela da Globo, em comparação, por exemplo, à da época que fez parte do elenco de Marisol, do SBT, onde interpretou a Alessandra Figueiredo, ou mesmo de Malhação, na qual fez uma participação de duas semanas. ?O retorno era bem menor. A projeção que a Kerry conseguiu não se compara?, avalia.

Esse retorno fica ainda mais evidente pela atual situação da personagem. Como aquela senhora do supermercado bem avisou, a luta para conquistar Júnior será inglória para Kerry. Marisol torce para que a personagem finalmente se dê conta da opção sexual do rapaz. ?Ela está tão envolvida que não consegue enxergar que o Júnior é gay. Queria que a personagem encontrasse outra pessoa até o final da novela?, deseja.

Outras frentes

O futuro de Kerry pode ainda ser incerto, mas o de Marisol já está muito bem-traçado. A atriz vai encenar o espetáculo Sexo Oral na Terra Devastada, de Felipe de Campos, que tem estréia prevista para janeiro de 2006, no Rio. ?Vamos começar a ensaiar assim que terminar de gravar?, anima-se. Outro projeto para o ano que vem é a finalização de seu primeiro curta-metragem, do qual é roteirista, diretora e atriz principal. Batizado Garotas Mortas Não Podem Voar, o filme é uma adaptação do primeiro capítulo de Caçando Carneiros, livro do japonês Haruki Murakami. ?Fiquei encantada quando li. Sempre que tenho uma folga, dou seqüência às filmagens?, conta.

O cinema, na verdade, é a grande paixão de Marisol. Tanto que a atriz resolveu até ir para a Argentina em 2004 estudar na Universidad Del Cine. A ?aventura? estudantil, porém, durou apenas seis meses, quando foi convidada para viver a Kerry. A experiência na Argentina, no entanto, serviu para aparar as ?arestas? que faltavam para produzir o curta. Para a ?empreitada?, Marisol conta com a ajuda de profissionais mais experientes, como na direção de fotografia e na câmara. ?Me garanto como atriz. Mas preciso de ajuda para não decepcionar logo na minha estréia?, diz, modesta.

Destino traçado ainda na infância

Marisol Ribeiro é daquelas meninas que sempre souberam que queriam ser atriz. Começou a fazer testes aos 9 anos de idade, sempre incentivada pela mãe Maria Ribeiro. Foi nessa época também que passou a atuar em comerciais para televisão. ?Devo tudo à minha mãe. Foi ela quem teve saco de passar horas ao meu lado enquanto aguardava a minha vez nos testes?, recorda. Marisol conta que os comerciais apenas deram a ela uma certeza maior de que poderia seguir a carreira de atriz.

Além disso, fazer comerciais foi, durante anos, a principal forma de financiar os vários cursos de interpretação que fez. ?Fazer propaganda dá experiência diante das câmaras e possibilita um grande aprendizado?, destaca.

Outra maneira de Marisol ganhar alguma grana foi fazendo dublagem. Até hoje é possível ouvir a voz da atriz nos desenhos Sakura e Pokémon, exibidos no canal por assinatura Cartoon Network. Além dos desenhos, Marisol perdeu a conta dos filmes em que atuou como dubladora. Lembra com carinho de ter ?interpretado? a personagem de Kirsten Dunst em Virgens Suicidas, de Sofia Coppola. Mas, para ela, o mais interessante de fazer dublagens é a possibilidade de viver a cada dia personagens diferentes. ?Um dia sou mocinha. No outro, sou vilã. Além disso, é bem legal ligar a televisão e ouvir a sua voz?, garante.

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