Peça homenageia a Ariano Suassuna no Teatro da Caixa

Sucesso de público e crítica, em sua primeira temporada, no Rio de Janeiro, ?Ariano?, estréia no Teatro da Caixa, no dia 27 de julho, para apresentações até o dia 5 de agosto. O espetáculo – que faz parte das comemorações dos 80 anos do poeta, romancista e dramaturgo Ariano Suassuna –  é todo musicado, interpretado por atores que dançam, cantam e tocam instrumentos ao vivo.

Pela primeira vez um texto teatral é produzido em homenagem a Ariano, abordando fatos de sua vida e realizando encontros com alguns de seus personagens. ?ARIANO? é um  texto inédito do diretor Gustavo Paso, escrito a quatro mãos junto ao poeta e jornalista paraibano Astier Basílio. Os dois se conheceram quando Paso pesquisava a obra do escritor.

João Grilo e Chicó já confirmaram presença: chegarão diretamente das páginas de ?Auto da Compadecida?. Clarabela, Simão e Nevinha, de ?A Farsa da Boa Preguiça?, também já mandaram dizer que não faltarão de jeito nenhum, e chegarão de braços dados com Caroba, que deixará ?O Santo e A Porca? especialmente para o evento. Também não vão faltar Quaderna, Margarida e a Onça Caetana, personagens do ?Romance d’A Pedra do Reino?.

O espetáculo

Dirigida por Gustavo Paso, ?Ariano? é protagonizada pelo ator Gustavo Falcão. Além de carreira de sucesso no teatro, Falcão atuou nos longas "A Ver Estrelas", "Mamãe não pode saber" e "Árido Movie", bem como nas novelas "As filhas da mãe" e "Cobras e Lagartos", ambas da Rede Globo. O elenco reúne ainda 14 atores da Epigenia Arte Contemporânea, sendo um deles uma criança que interpreta Ariano na infância. 

O espetáculo segue o mesmo conceito estrutural da Divina Comédia, de Dante e está dividido em três partes: Sol (Inferno), Sangue (Purgatório) e Sonho (Paraíso). "A peça mostra a busca de Ariano pela Fazenda Acauã, onde nasceu, um local que representamos como o paraíso para ele, como lugar de onde foi tirado pelas circunstâncias", comenta o diretor Gustavo Paso. Os dois autores, numa licença poética, incluíram no rol de personagens que encontram Ariano durante sua jornada, nomes como Maria da Guia (baseada em Euclides da Cunha) e Antônio Conselheiro. "É uma experiência inédita, é a primeira vez que a própria vida de Ariano é levada ao palco", explica Paso, lembrando que toda a peça tem base onírica. "É um sonho onde o escritor procura por seu reino", completa o diretor, que terá, no palco, o auxílio luxuoso dos instrumentos cedidos por Mestre Salu (rabecas) e João do Pife (pífanos).

Na montagem os atores Alberto Eloy, Bárbara Borgga, Cristina Lago, Gustavo Falcão, Jorge Luís Cardoso, Leila Moreno, Leonardo Miranda, Luciana Fávero, Márcio Vieira, Ney Motta, Raquel Ferreira e Rodrigo Lima, cantam, dançam e tocam instrumentos como rabeca, pífano, acordeom, zabumba e tudo o que está em volta do Movimento Armorial criado por Ariano, porém adquirindo um clima de Ode ao Brasil.

Completam a ficha técnica artística Paulo David Gusmão, que responde pela iluminação; a cenografia é assinada em parceria por Teca Fichinski e Gustavo Paso; os adereços e figurinos são de Filomena Mancuzo; a direção de movimento é de Duda Maia; a direção musical e composições são de Lui Coimbra; e o treinamento vocal é de Jorge Luís Cardoso.

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna nasceu em 16 de junho de 1927, na então Cidade da Paraíba (Parahyba em ortografia arcádica), que hoje é a cidade de João Pessoa. De estudante de direito, fundador do Teatro de Estudantes de Pernambuco, foi se formando poeta, artista plástico, dramaturgo e escritor de importantes romances como ?A Pedra do Reino?. Atualmente vive na cidade de Recife, sua paixão.

Mais do que merecedor de grandes homenagens, Suassuna é hoje um dos maiores defensores da Cultura Brasileira, fundador do Movimento Armorial, em 1970, defende a estética deste movimento popular que provém de conceitos eruditos. Desde 1990, Ariano ocupa a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras, que pertenceu ao escritor Genolino Amado. É autor de várias obras: ?Uma mulher vestida de sol? (1947): ?O desertor de Princesa? (1948); ?Os homens de barro? (1949, inédita); ?Auto de João da Cruz? (1949); ?O Arco Desabado? (1952); ?Auto da Compadecida? (1955); ?O Santo e a Porca? (1957); ?O Casamento Suspeitoso? (1957); ?A Pena e a Lei? (1959); ?A Farsa da Boa Preguiça? (1960); ?A Caseira e a Catarina? (1962); ?Romance d´A Pedra do Reino e o Príncipe de Sangue do Vai-e-Volta? (1971, traduzida para o inglês, alemão, francês, espanhol, polonês e holandês).

Ariano Suassuna escreve todos os dias e confessa: "Sou um leitor inveterado, desde muito menino. E talvez goste mais ainda de reler. Leio poucos autores muitas vezes". O escritor nunca viajou para fora do Brasil. ?É por isso que sou um viajante imaginário, como o narrador do meu romance. Não tenho que viajar, não. Conheço a Rússia melhor do que muito russo, através simplesmente de Dostoiévski, Gogol e Tolstói?.
     
Serviço:
Espetáculo ?Ariano?. Teatro da Caixa, de 27 a 29/7 e 3 a 5/8. Sextas e sábados às 21 horas e domingos às 19 horas. Ingressos a R$ 20,00 e R$ 10,00 (clientes, idosos e estudantes), à venda no Teatro da Caixa (rua Conselheiro Laurindo, 280). Informações 2118-5111 e 2118-5233.

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