Pato Donald completa 70 anos

Na Arábia Saudita, chamam-no Batut. Na Dinamarca, Anders And. Na Finlândia, Aku Ankka. Na Indonésia, Donald Bebek. Na Itália, Paperino. Na Suécia, Kalle Anka. A esta altura, você já deve saber que, aqui no Brasil, ele é conhecido como Pato Donald. Hoje, o pato completa 70 anos de idade. E as empresas envolvidas na comercialização de produtos com o personagem celebram a data lançando uma série deles no mercado, entre revistas de histórias em quadrinhos, vídeos e DVDs, programação especial no Disney Channel e uma série de outras ações.

O Donald, para os poucos que não o conhecem, é o pato vestido com uniforme de marinheiro, abraçado ao sorridente senhor de óculos, com cabelos e barbas brancos. Ele nasceu em junho de 1934. Mas ao contrário de Mickey, um de seus companheiros de aventuras, não veio ao mundo como um astro. Na época, já usava o infame uniforme de marinheiro, o que lhe dava um ar infantil. Mas o desenho era bem diferente. Mais alto e longilíneo, tinha a cabeça pequena e o pescoço, o bico e as pernas mais compridos. Quem promoveu as mudanças foi Carl Barks (1901-2000), o então anônimo criador do personagem. Com o tempo, Barks aumentou-lhe a cabeça e diminuiu o pescoço, o bico e as pernas, deixando-o com a silhueta próxima do que se conhece hoje.

Sua personalidade não passou por grandes mudanças. Desde sempre foi azarado, irascível e conformista, características que valeram leituras ousadas a seu respeito. Como a feita pelos intelectuais chilenos Armand Mattelat e Ariel Dorfman no clássico da sociologia “Para Ler o Pato Donald”, uma feroz crítica à ideologia capitalista dos quadrinhos Disney. Segundo eles, o pato era um símbolo preconceituoso do proletariado, explorado pelos capitalistas gananciosos e inescrupulosos, representados com riqueza de detalhes pelo Tio Patinhas.

“O Pato Donald” sempre foi visto como o clássico oprimido, por isso decidi fugir um pouco desse estereotipo e deixá-lo mais à vontade ao lado de seus dois melhores amigos”, explicou ele, em entrevista exclusiva. Essa visão politicamente correta da família Pato é uma marca das histórias de Rosa, tido como um discípulo obsessivamente fiel de Carl Barks. Foi lendo as histórias de Barks que o desenhista se apaixonou por esse universo. O que explica por que ele não se aventura a desenhar nenhum outro personagem do universo Disney, como Mickey, Pateta ou Pluto. “Se tivessem contratado Carl Barks para desenhar um desses personagens, talvez eu me interessasse por eles”, disse o artista.

Para quem curte o Donald na versão em quadrinhos, a editora Abril, através do editor Sérgio Figueiredo, avisa que em setembro será lançada uma edição de luxo, com mais de 200 páginas, em formato americano, com histórias do pato de diferentes épocas e desenhadas por variados autores. No mesmo mês, a editora prepara a edição de uma história inédita de Barks – a última feita pelo artista – na revista Pato Donald número 2.303. São artigos de luxo, para colecionador nenhum perder.

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