?Para ser assistida com os ouvidos?

Sonho de outono, que estréia amanhã, na Casa Damasceno (Rua 13 de maio, 991, Curitiba)  foi escrita em 1999, por Jon Fosse o principal autor norueguês depois de Ibsen. Fosse tende a retratar em suas peças as relações (ou a ausência das mesmas) entre as pessoas e coloca a insegurança, o medo, ou melhor, a indisposição ao convívio como sentimentos cada vez mais presentes na atualidade.

Em Sonho de outono, um homem e uma mulher, personagens sem nome, se reencontram num cemitério. Já se conheceram e se amaram, sem nunca conseguirem concretizar esse amor. Ela o deseja, quer viver e amar, ele hesita e questiona o amor. Conversam sobre amor, vida e morte.

Fosse lida com esses temas através de uma linguagem cotidiana, clara e direta, e ao mesmo tempo com um tom poético, com clara influência do rock, fruto de sua formação como musico na juventude.

?Quando criança, eu fazia música, tocava guitarra… aos onze anos ficava tocando seis ou sete horas seguidas. De um dia para o outro parei. Acabou-se a guitarra. E comecei a escrever. Mas comecei a escrever tentando fazer uma espécie de música… poucas palavras, repetições, variações, silêncios…? (Jon Fosse)

A peça é estruturada pelo ritmo e pela musicalidade das palavras. E as suspensões de tempo, a evolução cíclica do texto são tão fortes que acabam por nos remeter ao funcionamento da mente do protagonista e à sua dificuldade de se relacionar com o mundo.

A direção, assinada por Marcos Damaceno (Psicose 4h48), priorizou o tratamento do texto nas vozes dos atores como elemento principal da encenação. ?É uma peça para ser assistida com os ouvidos?, diz.

O elenco é formado por Rosana Stavis, Luiz Carlos Pazello, Richard Rebelo, Ludmila Nascarella e Laura Haddad.

Serviço: Quintas e sextas às 21h. Ingressos: R$ 16 e R$ 8 (meia).

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