Para premiado no Oscar, Hollywood mudou seus critérios

A chegada do cineasta argentino Juan José Campanella carregando seu Oscar de melhor filme estrangeiro por “O Segredo dos Seus Olhos” provocou uma certa festa latina na sala de imprensa – afinal, o longa derrotara o até então favorito “A Fita Branca”, de Michael Haneke. “Confesso que não fiquei tão surpreso pois, nos últimos anos, a Academia de Hollywood não tem se pautado por interesses políticos – o que vale é a qualidade do filme”, disse.

A referência era o favoritismo do longa de Haneke e, bem perto, do representante de Israel, “Ajami”, produções com forte teor político. “Isso já não é mais uma credencial”, comentou o cineasta argentino, lembrando ainda outra qualidade do comitê responsável pela escolha do filme estrangeiro. “Quando foi divulgada a lista dos nove finalistas e ali havia dois sul-americanos (o outro era o peruano “A Teta Assustada”), todos apostaram que somente um ficaria entre os cinco últimos. E não foi o que aconteceu.”

Campanella divertiu-se ao lembrar do nervosismo quando subiu ao palco para receber a estatueta. “Até aquele momento, eu tinha um discurso na cabeça que sumiu completamente. É como ir a um psicólogo – tão logo você se lembra quanto paga por uma hora, acaba não pensando em nada para dizer.”