Para inglês ver… e ouvir

d82.jpgZizi Possi não imaginava que a resposta do público, para assistir a um show no qual ela cantava um repertório completamente diferente do seu, fosse tão boa. Durante dois dias, Zizi lotou o Bourbon Street, uma casa noturna clássica de São Paulo, cantando standards americanos e hinos da música pop produzidos no século XX. O espetáculo aconteceu em abril deste ano.

Apenas voz e piano e um desfiar de canções entronizadas na lembrança de qualquer pessoa em sintonia com a produção musical de qualidade na língua inglesa. ?Depois dessa minitemporada, iniciou-se um movimento suave, gostoso, para que eu levasse adiante o projeto e fui gostando da brincadeira?, conta ela. Então, o que começou como um desafio prazeroso transformou-se num espetáculo pronto e alicerçado num eficiente trio de piano, baixo e bateria, apresentado no Teatro Shopping Frei Caneca, em agosto passado. Dirigido por José Possi Neto, o concerto resultou no DVD e CD ao vivo Para inglês ver… e ouvir, uma parceria da cantora com o empresário Manoel Poladian, proprietário do selo TBM, pelo qual os dois produtos estão sendo lançados. CD e DVD serão distribuídos pela Universal Music.

Para inglês ver…e ouvir é o primeiro disco ao vivo de Zizi Possi e seu 18.º em 27 anos de carreira. O trabalho abre com alegria uma fase em que a cantora diz estar celebrando sua maturidade artística e profissional e suas parcerias com Poladian, com o maestro Jether e com o companheiro de todos os tempos e situações, seu irmão mais velho, o diretor teatral José Possi Neto. O novo álbum cantado em inglês representa mais uma diferenciação na vida artística de Zizi Possi, que, na década passada, abriu um portal da sua memória afetiva quando gravou os discos Per amore (1997) e Passione (1998), os dois em italiano e com músicas napolitanas. Per amore está entre os seus maiores sucessos. Vendeu mais de 750 mil cópias. Em seguida vieram Puro prazer (1999) que teve três indicações ao Grammy latino e o elegantíssimo Bossa (2001).

Fase atual

Agora, Zizi retoma o requinte interpretando em bom inglês músicas que também fizeram parte do seu passado. Como todo projeto entusiástico, não foi fácil chegar ao número final de canções. ?Selecionei cerca de 25, mas, como não dá para colocar mais de 14 porque encareceria bastante o produto final, desenvolvi critérios de escolha. Dentre as que faziam variações sobre o mesmo tema de poesia e ou de universo harmônico, fui escolhendo as que resultaram mais bonitas na minha interpretação com a formação de trio.?

A seleção, diga-se, é irretocável. Não há como não se emocionar diante das suas interpretações de Ruby e You don?t know me, dois clássicos conhecidos na voz do imortal Ray Charles; da leitura levemente brejeira, com sotaque jazz, de Do you wanna a dance, sucesso de Johnny Rivers; ou do medley Love of my life, do Queen, e Golden slumbers/Carry that way/The end, dos Beatles. Todas feitas com o acompanhamento primoroso de Jether (piano, teclado, clarinete e programação), de Marcos Paiva (contrabaixo acústico e elétrico) e de Alexandre Damasceno (bateria). ?Eu não quis me fixar em nenhuma década ou gênero. O bacana deste CD é justamente ter esta versatilidade, que inclui tanto Bob Marley quanto Cole Porter?, diz a cantora de 49 anos. Das 18 músicas contidas no DVD, quatro não entraram no disco. ?Eu também senti não ter incluído no DVD o texto que falo antes de We?ve only just begun, do repertório dos Carpenters. No show, eu dedicava essa música ao meu irmão, que é meu grande companheiro de jornada. Ao lado dele, sinto que a vida está apenas começando e que sou abençoada por isso.? 

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