Opet homenageia artista paranaense

Se a arte paranaense fosse um reinado, entre o seleto grupo de nobres representantes da corte estaria incluída a pintora Ida Hannemann de Campos. Discípula de Guido Viaro (1897-1971), pertencente à geração de modernistas que surgiram na década de 40s, da tranqüilidade de sua residência no bairro do Bom Retiro, aos 84 anos ela continua produzindo obras de arte com inteira lucidez. Após dois anos de sua última exposição, realizada no Solar do Rosário, ela volta a expor no Espaço Cultural do Colégio Opet do Bom Retiro depois de amanhã, terça-feira, em Curitiba.

A mostra é uma justa homenagem à artista, que do Bom Retiro retratou paisagens em inúmeras pinturas atualmente espalhada pela América do Sul, Estados Unidos e Europa. Ida acompanhou o crescimento da cidade desde o tempo em que as ruas não eram asfaltadas e quando as pessoas cumprimentavam umas às outras nas ruas. Retribuindo a homenagem, a artista leva para o espaço aproximadamente 20 obras pintadas no Opet e no Hospital Espírita de Psiquiatria, na região.

Sua evolução nas artes passou pela pintura, desenho, gravura, cerâmica e tapeçaria. Segundo Ida Hannemann, o incentivo para pintar veio na infância, por influência das freiras do Colégio Divina Providência. Aluna e colega de Guido Viaro, ela realizou curso de gravura com Fernando Calderari e José Roberto Teixeira, além de estudar escultura com Boulanger e Francisco Stockinger. Seu primeiro grande êxito ocorre no 1.º Salão Paranaense de Belas Artes, em 1944, ocasião em que ganha a medalha de bronze com o quadro O bêbado. Daí em diante venceu muitas medalhas e recebeu menções honrosas.

Após a fase acadêmica, a pintora passou para ao cubismo, com desenhos geométricos (anos 60s e 70s) e a produção de séries, como a Bolha de sabão, onde fez uma coleção de natureza morta. Figuras surgidas da abstração, desenhos diversos e painéis grandiosos povoam seu trabalho. Na fase da simplificação, pintou figuras humanas sem olhos, boca ou lábios; no gigantismo, criou cópias vistosas de figuras mínimas.

d12.jpgUm de seus quadros de 1965 traz uma mulher carregando sacos vazios, sugerindo pobreza e a falta de alimento. Sobre o quadro, ela comentou que o governo tem problemas na distribuição de renda. A natureza foi uma de suas principais fontes de inspiração e modelo. Dela, Ida fez muitas cópias realistas e coerentes, mas sem deixar de usar recursos figurativos que expressam sua visão pessoal.

Verbete nos dicionários de arte de Walmir Ayala, Carlos Cavalcanti, Roberto Pontual e no recente dicionário de Adalice Araújo, Ida Hannemann tem seu trabalho a mostra para quem quiser ver em dois painéis: um na Praça do Asilo São Vicente de Paula e outro na Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, no hall térreo, além de diversos quadros em museus e galerias. Montado em 1994, seu painel de azulejos na PUCPR (14m de largura por 4,5m de altura) apresenta a natureza regional e exalta o pinheiro, com a presença da gralha azul. A obra faz parte do conjunto artístico que se completa com Fernando Calderari e Ingo Moosburger no auditório, Abraão Assad, Potty Lazzarotto e Sérgius Erdelyi, nos três andares da Biblioteca.

Como bem coloca Regina Casillo (Solar do Rosário), na parte de trás de uma foto que retrata a obra de Ida, ?sua obra, ao mesmo tempo que reflete a permanente inquietação da artista completa pela pesquisa, observação e introdução do dado novo, traz também uma carga de poesia e sensível encanto?. Mais informações sobre a exposição pelo telefone do Opet  (41) 3028-2800.

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