Obras da Bienal ocupam espaços públicos de São Paulo

A artista paulista Renata Lucas volta a interagir com a arquitetura em sua obra, voltada à reflexão sobre maneiras como as construções determinam a ação das pessoas em espaços públicos e privados. Para a 27.ª Bienal, Renata Lucas duplicou uma calçada na Rua Brigadeiro Galvão, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo. Em cima da calçada original, ela fez outra. Duplicou também a linha de postes de iluminação que já existia no local e o conjunto de arbustos e vegetação já existente. ?Meus trabalhos partem de uma característica do lugar (forma, material, aspecto, uso) e constroem algo quase igual, porém diferente. É uma realidade se sobrepondo a outra em camadas de tempo; os eventos se embaralham, tornando-se mais ou menos reais?, explica a artista.

Tommi Grönlund e Petteri Nisunen / Variations on a Theme

Os artistas Tommi Grönlund e Petteri Nisunen, em sua primeira viagem ao hemisfério sul, tiveram a idéia de um projeto artístico baseado nas formas e contornos de uma metrópole desconhecida. ?A idéia é, simplesmente, ver a cidade com olhos alheios e tentar transmitir algo dessa ingenuidade e intensidade com a qual observamos uma nova cidade quando lá chegamos pela primeira vez?, explicam os artistas.

O modernismo de São Paulo e o aspecto precário de certas construções no trajeto entre o aeroporto de Guarulhos e o centro da cidade impressionaram os artistas. Ao longo da Linha Azul do metrô, observaram as torres de ventilação. As construções de concreto, segundo arquitetos da Companhia do Metropolitano de São Paulo, foram construídas muito acima do nível da rua nas décadas de 1960 e 1970 para tornar mais cômodas as estações e evitar a entrada de poluentes no túnel ferroviário. Segundo os artistas, a necessidade funcional deu origem a um conjunto monumental de superfície, que dirige a atenção para a estrutura subterrânea.

Técnicas modernas de ventilação tornaram desnecessárias as torres originais e o metrô pretende demolir parte delas. O projeto dos artistas Tommi Grönlund e Petteri Nisunen quer chamar atenção para a natureza híbrida das estruturas: algo entre arquitetura modernista e escultura de vanguarda. Escolheram um conjunto de torres que representa todas as variações possíveis das estruturas, num trecho que vai da estação Vergueiro à São Bento, e instalaram luzes no interior delas, destacando para quem passa na superfície a estrutura subterrânea que determina a disposição das torres.

Zafos Xagoraris / The Sound of the Acre

O artista grego trabalha uma fusão de cotidianos em sua obra. Intrigado com as dimensões do Brasil, o artista quis visitar o Acre, região cujo nome é a palavra grega para ?fronteira?. Munido de um microfone, um gravador e uma única bateria, ele viajou a Rio Branco, capital do Acre, e colheu os sons da região. Entre as gravações, com a duração determinada pelo tempo útil da bateria, estão o som de crianças numa escola local, programas de uma rádio comunitária da região e o canto dos pássaros da floresta amazônica.

De volta a São Paulo, o artista levou os sons de Rio Branco, no Acre, para a Av. Rio Branco, no centro da capital paulista. São 15 aparelhos de som, 30 bandeiras e 30 alto-falantes espalhados por 12 pontos da avenida. Os alto-falantes foram instalados junto de bandeiras em lojas, cinemas pornô, hotéis, bancas de jornal e barracas de vendedores ambulantes.

27.ª Bienal de São Paulo – Tema: ?Como viver junto? – Curadoria-geral: Lisette Lagnado. Co-curadores: Adriano Pedrosa, Cristina Freire, José Roca, Rosa Martínez e o curador convidado, Jochen Volz. Visitação: de 7 de outubro a 17 de dezembro de 2006. Parque do Ibirapuera – Portão 03. Entrada Franca.

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