O semi-árido baiano de Fonteles

O artista plástico Bené Fonteles apresenta parte de sua visão poética sobre Gameleira do Assuruá, cidade do semi-árido baiano. As imagens que compõem o livro Ausência e Presença em Gameleira do Assuruá, estarão expostas a partir de hoje, às 11h, no museu Oscar Niemeyer. Amanhã o artista fará uma visita guiada pela exposição, contando suas experiências nos 60 dias que ficou em Assuruá. A entrada é gratuita.

O livro, que deu inspiração à exposição, foi integralmente produzido pelo artista e tem cerca de 600 fotos que retratam o modo de vida e o dia-a-dia da pequena cidade de 500 habitantes. "Quis mostrar o sentimento e a solidariedade que as pessoas de Gameleira têm umas com as outras. Passar o modo como elas vivem e como elas mesmas constróem suas casas, que é uma obra de arte", conta Bené. Com esse desejo de mostrar o lugar que conheceu e as pessoas com quem conviveu, o artista utiliza como metáfora na sua obra, um pequeno banco de madeira e couro de boi, presente na maioria das fotos. O tamborete, como é chamado o famoso banquinho, é comum em todas as casas e serve também como tambor nas festas populares da região. "O banco como metáfora poética serve também para partilhar minha ausência e presença implícita nele e no exterior de cada ambiente", diz.

Fio condutor do livro e da exposição, o tamborete compõe, com fotos de três metros por dois metros, as duas instalações apresentadas na mostra. "Era impossível não ficar tocado por sua forma sintética e útil. Do encanto veio o desejo de fotografá-lo frente às casas, becos e cercados, dialogando com a cidade, como forma de inteirar e pertencer também ao seu espaço cênico", explica o artista.

A exposição mostra o jeito simples e prático dos habitantes de Gameleira, que tocou o artista Bené Fonteles. Segundo ele são ricas as construções da cidade. As soluções de encaixes e rebocos sobre os paredões nas casas, com grossos tijolos de adobe, cacos de telhas e pedras. Soluções encontradas para evitar erosões da chuva e do vento. As fotos mostram ainda as belas cores nas janelas e nas portas das casas. Para Bené, tudo cria uma sensação de pintura abstrata permeando o construtivismo das portas, janelas, quinas, calçadas e telhados. "Em todas as construções informais de Gameleira, coexistem ao mesmo tempo, o rústico e a leveza, a elegância e a simplicidade na forma de dispor a variedade de materiais", conta Fonteles.

Toda a verba arrecadada com a venda do livro será revertida para ações sócio-ambientais de Gameleira, promovidas pelo Centro de Assessoria do Assuruá (CAA), uma organização não-governamental.

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