O Paraná de olhos puxados

A Galeria da Caixa apresenta hoje às 19h30 os frutos mais visíveis de um custoso trabalho que consumiu quase três anos da vida da pesquisadora Rosemeire Odahara Graça e do artista plástico Marcos Kimura: a exposição e o livro Wakane – A Arte Visual Nipo-Brasileira. Com curadoria da própria Rosemeire, a mostra é uma espécie de “aperitivo” do livro, com trabalhos de cada um dos 38 artistas de ascendência japonesa, de diversas gerações, selecionados para a publicação entre mais de 150 nomes pesquisados.

O livro, que pode ter o título traduzido como “novas raízes”, traz o que há de mais representativo na produção artística nipônica no Estado. Viabilizada pela Lei Municipal de Incentivo à Cultura, com o patrocínio da Siemens, a edição é bilíngüe, o que vai permitir que o projeto extrapole as fronteiras brasileiras.

Uma das maiores dificuldades encontradas pela pesquisadora foi a ausência de bibliografia sobre o assunto. A saída foi debruçar-se sobre os catálogos de mostras coletivas e salões organizados pela comunidade nipônica no Paraná, acrescentando trabalhos exibidos em salões oficiais promovidos pelo governo do Estado até 2001. “Como resultado, encontrei esses 150 nomes, e um certo delineamento dos períodos de maior atuação e da contribuição deles para a arte local”, conta a pesquisadora. “A partir daí o cerco foi se fechando”.

Critérios

Diante da profusão de artistas, foi preciso estabelecer uma metodologia para selecionar o que entraria no livro: “Os critérios foram criação visual de qualidade, ascendência japonesa, atuação regional, participação em certames oficiais e atividade pioneira”, enumera Rosemeire. “O resultado final tenta se aproximar o máximo possível desse mostruário das artes inspiradas nas raízes da cultura oriental”. Entre os “eleitos” estão artistas “desbravadores”, como Yoneji Matsune (84 anos), que trabalhou com Alfredo Andersen, o quadrinista e ilustrador da Tribuna Cláudio Seto, e jovens talentos, como os cartunistas Tako X e Ivo Akio, e os artistas Érica Kaminishi e Fabrício Tanamati.

As técnicas empregadas englobam pintura a óleo, acrílica, aquarela, terracota sobre madeira, litografia e outras inusitadas, como a alquimia feita com areia, pedra e casca de palmeira de Chekuko Fujita Hokama e o vidro soprado de Alice Yamamura.

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A Galeria da Caixa fica na Rua Conselheiro Laurindo, 280, em Curitiba. Visitação até o dia 29, de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h.

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