O lado “trash” de América

Como se já não bastasse o malogrado romance entre os protagonistas Sol e Tião, personagens de Deborah Secco e Murilo Benício, outras cenas de América têm deixado a desejar. Muitas conseguem até indignar o público, pois lembram as dos filmes "trash" de quinta categoria ou as eventualmente risíveis paródias do Casseta & Planeta. Foi o caso do bizarro furacão que, há alguns capítulos, assolou a Miami cenográfica do Projac, complexo de estúdios da Globo na zona oeste carioca.

Como não poderia deixar de ser, seu epicentro estava na mesma onipresente rua onde  todos os  personagens do núcleo americano sempre passeiam. Mas a tal ventania foi muito mal elaborada, já que em algumas cenas, os cabelos de Sol nem se mexiam. Quem já viu imagens feitas durante furacões em qualquer telejornal sabe que não funciona daquela forma. Ainda mais com as pessoas correndo de um lado para o outro, como se estivessem fugindo de um tiroteio ou de um arrastão. O medo constante da personagem Sol em ser identificada no abrigo era mais devastador que a própria ventania. Talvez por isso ela continue tão apagada, perdida no meio das tramas paralelas.

Mas os problemas do núcleo Miami não se limitam ao furacão. A protagonista anda sofrendo bastante nas mãos da autora Glória Perez. Além dos muitos trabalhos em que Sol tem que se desdobrar -garçonete, faxineira, porno-dançarina de balcão de bar… -, ela ainda arranja tempo pra um trabalho estranho de "estátua viva". Nessas horas, a protagonista ironicamente demonstra uma insuspeita – embora inadequada à situação – expressividade facial. De quebra, nas horas vagas, ela sempre arranja tempo para fazer brigadeiro para o falso marido Ed, interpretado por Caco Ciocler.

Outra mancada do núcleo de Miami é a inacreditável pensão de Consuelo, interpretada pela desperdiçada Cláudia Jimenez. Ali as histórias poderiam ser melhor trabalhadas, pois os personagens e atores que habitam a pensão têm capacidade para apimentar a trama. Por enquanto, ficam só no discurso de voltar ou não para o Brasil ou discutem o que a "madrecita" vai dizer quando souber que a filha rebola todas as noites o bem torneado traseiro no balcão da boate mais suspeita de Ocean Drive.

Mas, além dos traseiros bem torneados de Miami, quem chama a atenção nas últimas semanas é o romance furacão entre Glauco e Lurdinha, interpretados por Edson Celulari e Cléo Pires. O conflito gerado pela paixão do coroa pela adolescente ganhou destaque na trama, chegando a ficar mais tempo no ar que os próprios protagonistas. Ainda mais quando as personagens de Christiane Torloni e de Cissa Guimarães, Haydée e Nina, descobriram a traição de Glauco. O drama entre o quarteto tem contagiado o público e divide opiniões, pois existem múltiplas preferências sobre com quem ele deve terminar a novela.

Apesar de ofuscado pelo tórrido romance que destruiu uma família, já que a tresloucada Raíssa não aprovou o envolvimento do pai com sua amiga assanhadinha, o núcleo suburbano carioca ainda consegue alguma empatia do público. Muita gente torce para que Feitosa e Islene, personagens de Aílton Graça e Paula Bulamarqui, possam se entender de vez e deixar feliz a Flor, interpretada por Bruna Marquezine. Ela, que o elegeu como pai, promete interferir para aproximar os dois de vez.

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