O Grande Herói destaca solidariedade entre os homens

Tem sido um longo caminho para Peter Berg, desde que, como ator, virou joguete nas mãos da mulher fatal Linda Fiorentino no noir O Poder da Sedução, de John M. Dahl. Transformando-se em diretor, tem cultivado a ação. Em Battleship, brincou de guerra com ETs. Em O Grande Herói, que estreia nesta quinta-feira, 20, Berg é o primeiro a dizer que está fazendo o anti-Battleship. Desta vez, ele se inspira na experiência real de um pelotão norte-americano que combate o talibã nas montanhas do Afeganistão.

Até pela intenção declarada do diretor de fazer tudo menos um fantasia guerreira, o título brasileiro, O Grande Herói, não é nem de longe o mais adequado para o que ele propõe. O próprio livro de Marcus Luttrell e Patrick Robinson foi lançado originalmente pela Planeta como O Único Sobrevivente, e é bem mais apropriado. Porque, na realidade, é disso que se trata. O grupo treinado para superar os limites da resistência e da dor vai sendo dizimado e, no final, sobra somente um para contar a história.

Durante boa parte da ação, os personagens centrais interpretados por Taylor Kitsch e Mark Wahlberg vivem se fazendo duas perguntas. Taylor, que está de casamento marcado nos EUA, e quer presentear a noiva com um puro sangue, vive perguntando o preço do cavalo arábico e Wahlberg retruca que se trata de árabe. O próprio Wahlberg mais tarde não obtém resposta para outra pergunta que faz incansavelmente. Por que os habitantes daquela aldeia perdida nos confins do Afeganistão estão desafiando o talibã para ajudá-lo? Foi o que confessadamente atraiu Peter Berg nessa história. Existe nela embutida uma reflexão sobre a solidariedade humana e as formas como se manifesta.

Nos Estados Unidos, muitos críticos saldaram O Grande Herói como o relato mais realista do que tem acontecido com as tropas norte-americanas no exterior. Outros poderão achar essa história de solidariedade uma fábula. Pode até ser, mas o empenho do elenco e o vigor da direção mostram que Peter Berg se esforça para ser o herdeiro das narrativas viris de Robert Aldrich. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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