‘O Clube’ vence o 25º Cine Ceará

O Clube, de Pablo Larraín, que tem por tema a pedofilia na Igreja Católica, foi o grande vencedor do 25º Cine Ceará – Festival Ibero-Americano de Cinema, encerrado na quarta-feira, 24, à noite, no Cine São Luiz, no centro de Fortaleza. Além do prêmio de melhor filme, O Clube ganhou os troféus Mucuripe de Melhor Roteiro e outro para o conjunto do seu elenco masculino. Ficou também com o prêmio da crítica, atribuído pela Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

O português Cavalo Dinheiro, de Pedro Costa, e o argentino Jauja, de Lisandro Alonso (já em cartaz em São Paulo) também foram bem premiados. O provocativo documentário Cordilheiras no Mar, em que Geneton Moraes debate uma polêmica passagem da vida política de Glauber Rocha, ficou com o Prêmio Especial do Júri.

O delicado drama basco Loreak rendeu a uma de suas intérpretes, Itziar Ituño, o troféu de melhor atriz. Itziar ganhou também o prêmio informal de convidada mais simpática do festival. Animada e risonha, permaneceu durante todo o evento em Fortaleza, divertiu-se e fez amizades. O curioso é que sua personagem, no filme, Lourdes, é uma viúva belicosa e amargurada, o exato contrário de sua personalidade.

Trabalhando com uma seleção de curtas-metragens de baixa qualidade, o júri específico dessa categoria teve também atuação pífia ao premiar Kyoto, de Deborah Viegas, como melhor filme. Melhor mesmo andaram os críticos, que deram o prêmio de curta, merecidamente, a Quintal, de André Novais, o mais bem estruturado e original entre todos eles.

Falando nisso, o 25.º Cine Ceará dividiu-se homogeneamente em dois segmentos bem distintos – alto nível para os longas, baixa densidade para os curtas. Aqui houve um problema de curadoria ou de entressafra. No entanto, mais de 400 filmes se candidataram a uma vaga e, para o observador, é quase impossível imaginar que não houvesse títulos melhores para disputar os troféus do festival. Fica o benefício da dúvida e também o registro para possíveis correções de rumo para as próximas edições do festival.

Com esses altos e baixos, o saldo desta edição ainda foi amplamente positivo. A quantidade de bons títulos de longa-metragem compensou a fragilidade dos curtas. Os filmes foram amplamente debatidos no dia seguinte à sua exibição e, em alguns casos, deixaram um lastro de polêmicas e questões ainda a serem aprofundadas, como foi o caso particular de Cordilheiras no Mar, sobre o problemático apoio de Glauber Rocha ao projeto de abertura política de Ernesto Geisel, que desagradou à esquerda na época. Mostrando que essa história é ainda recente, controversa e sensível, apesar de ter se passado nos anos 1970, o filme provocou o debate mais acalorado e esclarecedor de todo o 25.º Cine Ceará. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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