Nona de Beethoven ganha nova versão

São Paulo (AE) – Foi durante uma visita à casa do poeta Friedrich Schiller, em Leipzig, que o maestro Paulo de Tarso Buchala teve acesso aos textos originais da Ode à Alegria, o poema entoado pelo coro e pelos solistas no último movimento da monumental Nona Sinfonia de Beethoven. E foi então que se deu conta: alguns termos e expressões foram alterados antes de serem musicados pelo compositor. A idéia surgiu na mesma hora: e se interpretássemos a peça recolocando os versos originais de Schiller?

Pois três anos depois a idéia se concretizou. Hoje e amanhã, o maestro vai interpretar a peça à frente da Filarmônica de São Bernardo do Campo, dos cantores do Collegium Musicum e do Movimento Coral Rio-Pretense e dos solistas Sebastião Teixeira, Marcos Thadeu, Elizabeth Gomes e Mônica Martins. As apresentações serão na Igreja da Redentora, a partir das 20h, em São José do Rio Preto, São Paulo, cidade natal do maestro, que completa 154 anos. Buchala se diz feliz com a realização do projeto. É um sonho antigo, diz. E o que o torna ainda mais especial é que seja realizado no interior, ?em uma cidade sem tradição na área da música clássica??.

E quais as diferenças que a mudança do texto traz à peça? Em primeiro lugar, diz Buchala, é importante entender que a Ode à Alegria é, na verdade, Ode à liberdade. O maestro Leonard Bernstein, lembra ele, em um concerto que se seguiu à queda do Muro de Berlim, foi o primeiro a substituir os termos. Mas Buchala vai além e dá outros exemplos de alterações. ?Todos os homens se tornam irmãos??, por exemplo, vira ?Mendigos e nobres tornam-se irmãos??. E assim por diante. ?A peça acaba ganhando um significado social mais forte??, diz o maestro, cuja iniciativa foi amparada em estudos como o de Stephen Busch, que analisa em livro recém-lançado no Brasil o componente político naquela que talvez seja a mais conhecida obra do compositor.

Musicalmente, Buchala explica que não houve uma única alteração em notas musicais escritas por Beethoven. Nada de sacrilégios. Foram feitas apenas adaptações de prosódia para acomodar o novo texto à música já existente. ?Tem sido um desafio muito grande e estimulante para todos os envolvidos no projeto?, diz o maestro.

Voltar ao topo