Nas conquistas do riso

Patricya Travassos parece fazer questão de colecionar papéis cômicos. O humor, aliás, foi justamente o que motivou a atriz a aceitar o convite de Miguel Falabella para atuar em A Lua me Disse. Na novela das sete da Globo, ela vive a tresloucada Geórgia, uma milionária que quer se divertir a todo custo. A opção por fazer rir vem desde o início da carreira. Patricya começou a atuar, na década de 70, no grupo Asdrúbal Trouxe o Trombone, que usava e abusava do humor em suas peças. Segundo a atriz, a justificativa para essa escolha é simples. "Se você espremer qualquer jornal sai sangue e lágrimas. Para mim, conseguir tirar um sorriso das pessoas e fazer com que elas esqueçam seus problemas, mesmo que por um momento, já é um triunfo", exagera.

Mas Patricya não se contenta apenas em atuar. Ela gosta mesmo é de exercer várias atividades ao mesmo tempo. Além de interpretar Geórgia, é apresentadora e gerente de conteúdo do programa Alternativa Saúde do canal a cabo GNT. Patricya também é escritora, tem dois livros publicados,  Esse Sexo é Feminino e Alternativas de A a Z e escreve crônicas sobre relacionamentos e o universo feminino na revista Marie Claire. "Uma época, eu estava saindo com um cara que me disse: "Meu maior medo de me relacionar com você é virar uma crônica da Marie Claire’", recorda, aos risos.

P – Você gosta de interpretar personagens cômicos. Tem predileção por um tipo específico?

R – Gosto do humor humanizado, sofisticado. Me interesso por personagens bem-humorados, mas que sejam críveis, verdadeiros e não que tenham aquele humor de programas humorísticos, nos quais os personagens não passam de caricaturas. Estou mais para as séries americanas do que para o Zorra Total. Mas sem nenhum preconceito. Esse tipo de humor simplesmente não me agrada. A Geórgia, por exemplo, apesar de toda a alegria e descontração, esconde uma tristeza. Ela está sempre bêbada, tem uma necessidade enorme de se divertir. No mínimo, deve ter um vazio muito grande dentro dela. É justamente aí que está a riqueza da personagem.

P – Como você se sente por ter feito parte de projetos inovadores, como o Asdrúbal, a Blitz e a Armação Ilimitada?

R – Fico orgulhosa, me sinto uma pessoa importante. Acho interessante perceber que, em geral, os grandes sucessos decorrem da inocência, da falta de pretensão. Mas hoje vejo que comecei muito bem (risos). Aquela época, no entanto, foi apenas um momento especial. Eu não sou saudosista. Não me lembro que participei desses projetos a toda hora. Às vezes, parece até que foi em outra encarnação.

P – Você escreve bastante sobre o universo feminino. Onde busca inspiração?

R – No cotidiano, em histórias pessoais, em coisas que acontecem com amigas minhas. Vou misturando tudo. Além do mais, a mulher mudou muito nas últimas décadas e se tornou uma fonte inesgotável de inspiração. Ao mesmo tempo que ainda tem um lado "mulherzinha", faz o tipo "mulherão", que trabalha fora e cuida dos filhos sozinha. Tem características dissonantes e é isso que a torna interessante e curiosa.

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