Encontrar a pessoa dos sonhos em um meio digital pode resultar em um relacionamento para a vida inteira. Se na pré-história da Internet as salas de bate-papo eram o local para isso, depois vieram os sites de relacionamento voltados para a procura do par ideal. Hoje, já é possível recorrer a aplicativos que unem as pessoas na tela do smartphone.
As páginas em que os interessados correm atrás de um par romântico se destacam ao conseguir formar casais estáveis. Foi esse o caso do jornalista Flávio Laginski, que encontrou sua esposa em um site assim. “Entrei no site sem pretensão nenhuma e acabou dando certo”, confessa Laginski. Apenas alguns meses depois de criar seu perfil, o jornalista já encontrou a mulher com quem viria a se casar. “Encontrei o perfil dela, trocamos algumas mensagens no Facebook e pouco depois já estávamos nos encontrando pessoalmente”, explica Laginski.
Utilizar o site foi a medida usada por ele pra superar a timidez. “O site me ajudou a quebrar o gelo inicial, que eu tinha dificuldade na vida real”, comenta. A psicóloga e colunista do Paraná Online Sheila Rigler faz algumas ressalvas quanto ao possível perigo no uso desses sites. “As pessoas tendem a mentir muito, desde o nome e a idade até o próprio sexo”, declara Sheila.
A tendência dos sites de relacionamento foi se especializar cada vez mais. Hoje, existem sites voltados para pessoas de determinada religião, para solteiros com mais idade e até para pessoas acima do peso. A tendência é que sites assim cresçam cada vez mais. “As estatísticas mundiais sobre relacionamentos amorosos duradouros revelam o que se denomina de homogamia, ou seja, são os semelhantes que se atraem e não os opostos, como diz a lenda. Gostamos daqueles que são parecidos conosco”, explica a professora de psicologia da UFPR Lidia Weber.
No ano passado, ficaram famosos os aplicativos como o Tinder, que podem ser baixados em smartphones. A lógica é simples: várias fotos de pessoas são exibidas para que o usuário aprove ou não. Caso haja reciprocidade na escolha, há possibilidade de conversar com o pretendente. O ar mais descontraído não o torna reduto ideal para aqueles atrás de algo mais sério. “Acho que ninguém pensa em encontrar o amor da vida no Tinder”, explica Luís (nome fictício, pois usuário do aplicativo preferiu manter a privacidade).
Luís admite que já foi a alguns encontros com mulheres que conheceu por meio do aplicativo. Esse comportamento é comum entre os jovens que utilizam o sistema. “Tem servido para encontros casuais e sexo casual. Hoje os relacionamentos amorosos estão mais confusos, mais ambivalentes e mais efêmeros e os aplicativos virtuais fazem parte do que já ocorre na vida também”, comenta Lidia.
Encontrar casais formados a partir da Internet não é mais algo que as pessoas estranham. “Um caso como o meu não é mais isolado, não tem nada de extraordinário”, resume Laginski. No entanto, Lidia Weber avisa para as potenciais desvantagens desta relação formada na Internet. “Não tem nada de mais, dizem os jovens em especial, e não tem mesmo, mas dependendo do seu objetivo, da sua carência, do seu desejo e da sua história de vida, pode apenas trazer ainda mais solidão, ao ver que tão rapidamente como você foi encontrado, também rapidamente foi descartado”, finaliza.
Colaboração: Paulo Ferracioli