Nada de novo na música nacional

Quando o álbum PagodeJazz Sardinha?s Club chegou à redação, nem precisava ter sido trazido por alguém. O grupo, que tem o mesmo nome do disco, é um dos mais incensados pela crítica e pelos músicos nos últimos tempos. Em congraçamentos (como o Prêmio TIM de Música, dias atrás), só se falava no hepteto formado por Edson Menezes, Xande Figueiredo, Marcos Esguleba, Bernardo Bosísio, Rodrigo Lessa, Eduardo Neves e Roberto Marques.

Afinal, seriam eles os artífices de uma revolução da música popular. Eles teriam conseguido fundir dois gêneros distantes (pagode e jazz, claro) e deles criado um novo som, moderno e reverente. Entre os que dão aval aos sete músicos estão Yamandu Costa, Paulo Moura, Walter Alfaiate, Luís Carlos da Vila, Nelson Sargento e Zeca Pagodinho, que parece ser o padrinho da turma, tanto que participa da música Pagode Jazz Sardinha?s Club isso mesmo, o mesmo nome do disco e da banda.

Na verdade, de fusão entre pagode e jazz só existe o álbum. Isso porque o que acontece é que sete das 14 faixas são de um gênero e seis de outro. Não se vê em uma música os andamentos próximos, o que há é um pagode de mesa genuíno ali, depois um tema jazz acolá. Para completar o disco, uma tranqüila versão de Joana Francesa (música-tema de Chico Buarque para o filme homônimo de Cacá Diegues, que tinha Jeanne Moreau como a dita Joana). Esta, por sinal, é a melhor faixa do álbum e não é pagode nem jazz, mas sim uma canção.

A constatação tira um pouco da empolgação que se tem com o disco quando você o recebe. Com tanta propaganda (e tantos apoios de respeito), os Sardinhas se é que cabe a intimidade tinham, mesmo com o primeiro trabalho, que mostrar mais serviço. Talvez mais experimentalismo, mais risco. Por que o que se ouve é um disco instrumental como qualquer outro, só que com a “moral? de ser um transgressor num mundo recheado de música ruim.

Mas, entretanto, que fique bem claro. Os Sardinhas não são ruins. Pelo contrário, são virtuosos e inteligentes. As composições próprias são interessantes, e o pout-pourri em homenagem a Zeca Pagodinho foi muito bem escolhido. Roberto Marques, no trompete, é o destaque da turma. Pena que, com tanta mídia em cima, eles acabem deixando um quê de decepção para quem imaginava ver novos ares na MPB.

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