Na cadência do samba

Lívia Rossi sempre foi fã de um batuque. A atriz se esbalda a cada Carnaval e é a primeira a “levantar poeira” nas inúmeras rodas de samba que freqüenta desde a adolescência. Mas nunca tinha imaginado que o hobby a ajudaria a conquistar um personagem. Foi justamente o que aconteceu com Daniela, a desejada dançarina que ela interpreta em Metamorphoses, da Record. O elenco da novela já estava fechado quando a atriz foi convidada a fazer um teste na produtora Casablanca.

Lívia achou, no mínimo, inusitado passar vários minutos se requebrando na frente dos produtores de elenco. O susto de ganhar a personagem com samba no pé só não foi maior que o de começar a gravar apenas dois dias depois. “Minha relação com a dança foi fundamental no teste. Quando me perguntaram se sabia sambar, não soube muito o que dizer. Mas parece que eles gostaram…”, lembra, modesta.

Para fazer bonito no vídeo, Lívia deu uma forcinha ao talento natural com algumas aulas de dança, feitas paralelamente às primeiras gravações.

Sensual

Além da desenvoltura rítmica, a personagem esbanja a sensualidade que a atriz se acostumou a exibir em personagens como a índia Kitanai, de Uga Uga, seu primeiro trabalho na tevê, e uma das meninas do Centro Noturno de Lazer de Rosa Palmeirão, de Porto dos Milagres. Depois destes dois trabalhos, Lívia chegou a ter medo de ficar rotulada por só fazer personagens que se destacavam através da beleza e do apelo sensual. Mas aí veio Socorro, a funcionária da pensão de O Beijo do Vampiro, que vivia escondida atrás de camisas de manga comprida, avental e cabelo preso. “Foi legal mostrar que podia fazer uma personagem completamente desprovida de qualquer vaidade”, avalia Lívia. A preocupação, no entanto, ficou no passado. “Se vendo esta imagem, não vou lutar contra ela. Vou aproveitar as oportunidades para mostrar que posso fazer mais que isso”, explica, tranqüila.

Intensivão

Com Metamorphoses, Lívia acredita estar fazendo um verdadeiro “intensivão”. Em primeiro lugar, pela oportunidade de estudar o papel com a preparadora de atores Fátima Toledo, que orientou o elenco na composição dos personagens e ajuda os atores nas cenas mais difíceis. “Este trabalho foi fundamental para mim, porque cheguei aqui em cima da hora e não tive tempo para a preparação”, reconhece a atriz, que só tem elogios para sua personagem. “Ela é alegre, leve, tranqüila e, apesar de sempre querer se dar bem, não passa por cima dos outros”, define, com ar de satisfação.

Mais que nos bastidores, no entanto, é na vida pessoal que Lívia aponta seu grande aprendizado com o trabalho. Fluminense de Niterói, a atriz morava com a família até ser confirmada no elenco da novela. Em dois dias, teve de se mudar para São Paulo e aprender a se virar sozinha. E só tem conseguido ver a família uma vez por mês, quando aproveita as folgas das gravações e pega um vôo para o Rio. “É tudo novidade: morar sozinha, numa cidade que não conhecia, trabalhar numa emissora diferente, com pessoas novas”, enumera Lívia, sem esconder as saudades de casa, da família e da praia. Mas ela reconhece que o entrosamento entre os atores do elenco tem ajudado bastante a espantar a tristeza que de vez em quando teima em aparecer. “A gente se reúne, sai para jantar, assiste a filmes juntos. Se não fosse isso, acho que teria dado uma pirada”, exagera.

Vencendo a ansiedade

No campo profissional, Lívia acredita ter superado o que chama de “fase da ansiedade”. Aos 22 anos, sabe exatamente o que quer da profissão. E o primeiro passo é terminar a faculdade de Artes Dramáticas. Um dia, saindo das gravações de Uga Uga em companhia da mãe, a atriz visitou a universidade e fez sua matrícula. “Descobri que queria fazer aquilo para o resto da vida. Por isso, precisava estudar”, conta, com naturalidade. Ainda faltam dois anos para a conclusão do curso e Lívia sonha ainda em voltar ao cinema, onde debutou no filme Um Show de Verão. Mas, ao contrário do que parece, ela garante não ter pressa. “Minha carreira está crescendo devagarinho, passo a passo. As coisas têm acontecido na hora certa e tenho paciência para esperar”, pondera, com um sorriso sereno.

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