Musical ‘Lampião e Lancelote’ estreia no Teatro do Sesi

Lancelote deixa a corte do Rei Arthur e troca as brumas de Camelot pela aridez do sertão nordestino. Eis o enredo que guia Lampião e Lancelote, musical que estreia amanhã no Teatro do Sesi. Com trilha sonora de Zeca Baleiro, a montagem se inspira no livro homônimo, obra escrita por Fernando Villela em que o cavaleiro da Távola Redonda enfrenta Lampião, o mais bravo cangaceiro do Brasil.

Ainda que o encontro entre esses dois mundos soe improvável, o autor diz ter encontrado uma matriz comum entre eles. “Existe um ponto em que esses universos convergem. A literatura de cordel traz para a contemporaneidade características das novelas de cavalaria e do trovadorismo”, conta Villela. Como subsídio para a obra, ele aponta ainda os princípios do Movimento Armorial – iniciativa capitaneada por Ariano Suassuna que buscava criar uma arte de feições eruditas tomando por base as manifestações populares.

Para a batalha a ser travada, Lancelote e Lampião empunham, cada um, as suas armas: artes do verbo que eles irão exibir diante da plateia. Trata-se, sobretudo, de um duelo de linguagem, em que o vencedor será aquele capaz de construir o melhor repente. Responsável pela adaptação, Bráulio Tavares manteve boa parte da estrutura e da dicção do texto original. “Cerca de 70% do texto que está no palco vem do livro. Quase todo o seu esqueleto está mantido. Intercalado apenas por alguns gomos poéticos”, argumenta a diretora Débora Dubois.

A mistura de prosa e poesia que surge na boca dos protagonistas possui incontáveis trechos rimados. “As falas do cangaceiro têm versos em sextilha, como na literatura de cordel. Já nos diálogos do cangaceiro, usei a setilha, sete versos de sete sílabas, aproximando-me da estrutura das novelas de cavalaria”, conta o escritor.

Diretor musical, Zeca Baleiro “embrulha” esses versos com uma sonoridade nitidamente brasileira. Ao vivo, Bruno Menegatti toca rabeca, viola e violão. Ana Rodrigues empunha o acordeão. Há, ainda, uma parcela da música que foi pré-gravada em estúdio. “A música nordestina bebeu muito nos modos medieval e barroco, informação que nos foi passada pelos mouros através dos tempos. Logo, o repente e a trova menestrel, o aboio e a canção medieval, são ‘gêneros’ irmãos”, diz Baleiro.

LAMPIÃO E LANCELOTE – Teatro do Sesi. Avenida Pau-lista, 1,313, tel. 3146-7405. 5ª a sáb., 21 h; dom., 20 h. R$ 10 (grátis 5ª e 6ª). Até 30/6.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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