Museu Oscar Niemeyer abre exposição ?Novo Olhar?, de Amélia Toledo

Um dos nomes mais consagrados da arte contemporânea no Brasil, Amélia Toledo, de 82 anos, expõe pela primeira vez em Curitiba. Com curadoria do filho e artista Mo Toledo, a exposição faz uma retrospectiva das obras produzidas ao longo de 60 anos. As 57 peças em exibição ? colagens, pinturas, esculturas, objetos, instalações e projeções de obras públicas ? integram séries que para Amélia estão em contínua construção. O Museu Oscar Niemeyer abre a exposição ?Novo Olhar?, nesta terça-feira (30), às 19h. O público poderá visitar a mostra entre 31 de outubro e 27 de janeiro.

?Bolas-Bolhas? (1968), ?Labirinto Azul? (1993), ?Fatias de Horizonte? (1996) e ?Pedra-Luz? (1999) são algumas das obras expostas. Os títulos denunciam a profunda ligação de Amélia Toledo com a natureza, traço marcante de sua obra. ?Na arte, na comunicação, prepondera uma visão negativa. É um momento em que é preciso falar da vida, não do horror da morte. A gente tem que propor a positividade, fazer ecoar as idéias em um sentido da urgência que temos diante do que está acontecendo, da destruição da terra, do homem?, diz a artista.

É a partir dessa profunda ligação que Mo Toledo definiu os dois núcleos da exposição: o trabalho com a cor e com os fenômenos, apresentados em salas distintas. ?É uma obra independente de quaisquer modismos, mas relacionada à essência dos fenômenos e dos processos, ligando a arte à ciência, à observação do tempo?, define Mo Toledo.

De grande apelo lúdico, as obras aguçam os sentidos, são interativas e muitas podem ser tateadas. No núcleo dos fenômenos, por exemplo, onde estão as obras construídas com elementos naturais como areia, pedra, madeira e conchas do mar, chama a atenção ?Gambiarra?, também chamada pela artista de ?ostras sonoras?. A peça é semelhante a um varal de fio de nylon, no qual estão penduradas as partes abertas das conchas, que como um ?sino do vento? ao toque do espectador produzem um agradável som. Da mesma forma ?Os dragões cantores?, obra inédita formada por um conjunto de rochas perfuradas, que ao serem tocadas com outras pedras menores geram sons graves e agudos.

O núcleo que trabalha a cor exibe a instalação ?Caminho das Cores?, composta por aproximadamente 300 telas de jutas coloridas a formar um grande labirinto pela sala expositiva. Em outra, ?Pedra-Luz? (1999), a projeção de imagens manipuladas de conjuntos de pedras, propicia a sensação de que o espectador ? deitado em um colchão sob um grande espelho ? é ?envolvido? pela obra. Assim, a montagem em Curitiba faz um jogo de luzes e cores, claros e escuros. Para as cores abundância de luz, para os fenômenos o escuro.

Por meio desses dois núcleos, Mo Toledo revela o desdobramento da obra de Amélia, apresenta quase que um retrato da trajetória de seis décadas de produção artística. Uma das séries mais conhecidas sob o conceito da interatividade foi criada nos anos 60. São tubos, discos e bolas em PVC, que associam recursos industriais e artesanais. Da série fazem parte ?Medusa? (1969), ?Discos Táteis? (1970), ?Glu-Glu? (1968) e ?Bolas-Bolhas?. Outra série bastante conhecida demonstra que Amélia é uma pesquisadora assídua e sempre está a testar materiais. Suas experiências com cor sobre suporte duro originaram obras como ?Labirinto Azul?, um conjunto de chapas de aço inoxidável curvadas e pintadas.

Paulistana de nascimento, Amélia Toledo freqüentou o ateliê de Anita Malfatti no fim da década de 30. Estudou desenho, pintura e modelagem com Yoshiya Takaoka e Waldemar da Costa nos anos 40. Nos anos 50 iniciou o trabalho com pedras. Suas escolhas foram dirigidas às jóias feitas com fios de cobre e estanho. As jóias artesanais, de risco moderno, inseriram a artista no movimento de renovação dos objetos. As criações seguem a geometria de formas regulares, de vocação abstrata, com a criação de elegantes arabescos. As criações que complementam e adornam mereceram o reconhecimento da Bienal de São Paulo de 1963 e da Bienal de Arte Aplicada de Punta Del Este de 1964. Devido à importância que têm na carreira de Amélia, as jóias também estão presentes na mostra.

Serviço:
Exposição Novo Olhar
Abertura para convidados: 30 de outubro, às 19h
Período Exibição Público: 31de outubro até 27.01.08
Museu Oscar Niemeyer
Rua Marechal Hermes 999, Centro Cívico
Telefone: (41) 3350-4400
Horário: De terça a domingo, das 10h às 18h
Preços: R$ 4,00 adultos e R$ 2,00 estudantes
(Não pagam crianças de até 12 anos, maiores de 60 anos e grupos agendados de estudantes de escolas públicas, do ensino médio e fundamental).

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