Múltipla sedução de Mariana Ximenes

Para Mariana Ximenes, a Ana Francisca de Chocolate com Pimenta é a personagem dos sonhos de qualquer atriz. “São várias numa só”, resume. De fato, logo no começo da novela, Ana Francisca não passava de uma matutinha feia e desengonçada, que sofria nas mãos da turma do colégio. Lá pelas tantas, viúva e mais bela do que nunca, ela reaparece em Ventura para se vingar daqueles que a humilharam. Mais adiante, redimida pelo amor de Danilo, papel de Murilo Benício, ela tira o luto e se torna glamourosa. Há pouco, pobretona de novo, se vê obrigada a botar a mão na massa, ou melhor, no chocolate, para dar a volta por cima. Mais uma vez. “Gosto de experimentar tipos. Ainda mais se tiver de mudar o visual. Não tenho medo de usar óculos, pintar o cabelo, raspar a cabeça…”, enumera, corajosa.

Aos 22 anos, Mariana Ximenes se orgulha daquela que é a sua primeira protagonista em apenas seis anos de carreira na tevê. “A sensação de dever cumprido é inigualável”, derrama-se, visivelmente satisfeita com o resultado. A estréia da atriz aconteceu em 1998, também pelas mãos de Walcyr Carrasco, quando interpretou a dissimulada Emília em Fascinação, atualmente em reprise no SBT. Volta e meia, no intervalo de gravações no Projac, ela sintoniza a tevê no SBT para conferir sua performance inaugural. Apesar de uma interpretação vacilante, ela guarda boas recordações da novela. Principalmente por ter feito uma vilã, gênero de papel que não teve chance de fazer depois. “Não me arrependo ou me envergonho de nada do que fiz até hoje. Fascinação, por exemplo, fiz com a maior dignidade”, sublinha.

Depois de Fascinação, Mariana Ximenes voltou a trabalhar com Walcyr Carrasco também em A Padroeira, já na Globo. Na novela, ela interpretava Izabel, donzela que enfrentava a ira materna para viver um grande amor. A admiração pelo autor, porém, é mais antiga que a própria estréia de Walcyr Carrasco na tevê. Ela já acompanhava o trabalho dele desde os tempos em que Walcyr fazia crônicas para a Veja São Paulo. “Até hoje, minha avó, Dorothéia, guarda as melhores para eu ler quando for lá”, observa a atriz, que aguarda ansiosa as férias para ler Pequenos Delitos, o novo livro do autor.

Colocar a leitura em dia, no entanto, não é o único projeto da atriz para o segundo semestre de 2004. Como sempre acontece a cada final de trabalho, ela pretende retomar os vários cursos que deixou inacabados. Desde que trancou a faculdade de Cinema em São Paulo para se dedicar integralmente às gravações de Andando nas Nuvens, seu primeiro trabalho na Globo, Mariana passou a ter aulas particulares de Literatura, Mitologia, História da Arte… . “Acho importante olhar para trás e ver os degraus que já galguei na carreira. É uma evolução bacana”, avalia. Nessa ascese profissional, Mariana ressalva que as sessões de análise possuem uma importância quase vital.

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