Mostra apresenta o grupo Zero, criado na Alemanha

Antecipações do happening, da arte conceitual, da land art e da instalação são algumas definições que a curadora alemã Heike van den Valentyn dá para as criações dos integrantes do grupo Zero, fundado em 1958 na Alemanha por Otto Piene e Heinz Mack. Expressão de vanguarda no pós-Guerra, nascido das Exposições Noturnas que os dois artistas promoveram em seu ateliê em Düsseldorf a partir de abril de 1957 – mostras que seriam apenas “uma vernissage à noite, sem que o evento se estendesse mais” -, o Zero concatenou as inquietações de criadores europeus e latino-americanos da época interessados, remete a palavra do título, nas “puras possibilidades de recomeço, tal como na contagem regressiva da decolagem de foguetes”. “Zero é uma zona imensurável na qual um estado anterior se converte em um novO”, explicou, então, Otto Piene.

São obras de depuração da cor, de uso da luz (e do néon) como material – e também, entre coisas banais, o papelão e o isopor -, de exercício da arte cinética e de vontade de trazer o espectador as que se podem ver na mostra Zero, abrigada em 12 salas da Pinacoteca do Estado. A exposição, com curadoria de Heike van den Valentyn, já passou pelo Museu Oscar Niemeyer de Curitiba e pela Fundação Iberê Camargo até chegar a São Paulo. Tem como mote não apenas apresentar criações dos integrantes do grupo, encerrado em 1966, entre eles, Yves Klein, Jean Tinguely, Piero Manzoni, Armando e Günther Uecker, mas também traçar paralelismos com a América do Sul.

“Foram três anos de pesquisas”, conta Heike, historiadora de arte de Colônia e responsável por exposições sobre o Zero já apresentadas entre 2006 e 2008. Para essa versão específica, a mostra não apenas conta com obras dos três únicos latinos que integraram o grupo, o brasileiro Almir Mavignier (representado pelo trabalho serigráfico Forma, de 1963), o argentino Lucio Fontana (que comparece com tela e escultura em bronze de sua série Conceito Espacial) e o venezuelano Jesús Rafael Soto (com peças escultóricas dos anos 1950 e 60 de vibração óptica).

Mais ainda, são apresentadas relações das questões do Zero com o Bicho – Relógio do Sol (1960), de Lygia Clark, pinturas de Hércules Barsotti e criações de Abraham Palatnik, entre elas, um belo aparelho cinético de 1965 do brasileiro.

Gego, venezuelana de origem alemã, e Gyula Kosice, argentino nascido na Eslováquia, também estão presentes na exposição.

Ao todo, a mostra é formada por 57 trabalhos. Pode parecer pouco, mas, na verdade, a montagem é pontuada por recriações históricas de instalações, entre elas, O Sol se Aproximou, com três esculturas cinéticas metálicas vazadas, criadas nos anos 1960 por Otto Peine – na qual uma sala escura é tomada por formas leves luminosas, em movimento. “Há a ideia da terceira dimensão aqui, do cósmico”, diz a curadora. Outras, ainda, são o espaço de espelhos do suíço Christian Megert e a Chuva de Luz (1966) de Uecker. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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