Morre Ali Farka Touré, músico africano

Morreu ontem, aos 75 anos, o guitarrista, compositor e cantor africano Ali Farka Touré, um dos mais destacados artistas do Mali, país do norte da África, terra dos griôs. Touré tinha câncer e vivia em Bamako, capital do Mali. O músico tornou-se conhecido no mundo todo em 1995, quando o disco Talking Timbuktu, feito em parceria com o americano Ry Cooder, ganhou o prêmio Grammy.

Touré esteve em São Paulo em 1998, apresentando-se no Heineken Concerts. Nessa ocasião, causou espanto ao mostrar sua destreza e sofisticação tocando o jurukelen (uma guitarra primitiva de apenas uma corda). Em entrevista à Agência Estado naquela ocasião, disse o seguinte: "É evidente que o blues veio da África, trazido pelos escravos negros, e foi refeito nos campos de trabalho da América. E, para mim, o Brasil faz parte da África?.

Nascido na vila de Kanau, perto de Gourma Rharous (às margens do Rio Níger, no nordeste do país), ele foi o décimo filho de sua mãe, mas o único que sobreviveu. "Meu nome é Ali Ibrahim. Mas é uma tradição na África dar um nome estranho ao único filho, se você perde todos os outros?, explicou. Assim, ele ganhou o nome de um animal, Farka (burro), que na África é admirado por sua força e tenacidade.

Ele foi mecânico e taxista em Bamako. Ainda adolescente, já tinha aprendido a falar as sete línguas do Mali (peul, tamachek, songhai, gozo, hassania, dogon e francês), nas quais cantava suas canções. Depois, passou a vida dividindo seu tempo profissional entre a música e a atividade na terra. "A música é feita após meu ofício de agricultor?, afirmou. Ele só se tornou músico profissional por insistência do diretor do Balé Nacional da Guiné, Keita Fodeba. Em 1988, lançou o primeiro disco pelo selo britânico World Circuit, Ali Farka Touré. Em seguida, com o bluesman Taj Mahal, lançou The Source, que o projetou internacionalmente. Curioso, Ry Cooder (o produtor do celebrado Buena Vista Social Club) foi ao Mali atrás de Touré.

"Ali gostava de tocar à noite rodeado por sua tribo em sua fazenda?, contou Toy Lima, empresário que o trouxe ao País nos anos 90s. "Era antes de tudo um líder comunitário. Distribuía arroz e leite para todos e ensinava as crianças a tocar. Adorou o Brasil e tínhamos, juntos, planos para sua volta.?

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