Mistero Buffo revisita milagres com irreverência

As histórias vêm da Bíblia. Mas não há nada de sagrado em jogo. Em Mistero Buffo, espetáculo que entra agora em cartaz no Teatro do Sesi, o grupo La Mínima, parte do olhar satírico de Dario Fo para revisitar narrativas de feitos e milagres de Jesus Cristo.

Nesta obra do dramaturgo italiano, reconhecido com o Prêmio Nobel de Literatura em 1997, episódios bíblicos são tratadas sem a menor reverência. Escrita no fim dos anos 1960, Mistero Buffo é um extenso compêndio de fábulas. Na encenação do La Mínima, contudo, apenas quatro dessas histórias são encenadas. “Escolhemos as histórias que nos pareceram mais atuais. Aquelas que poderiam ser melhor transpostas para o nosso público. Situações do passado, mas que servissem como metáfora do presente”, observa o ator Domingos Montagner.

Em cena, surgem passagens que a plateia deve reconhecer facilmente. Todas vistas, aqui, sob filtro irreverente. Histórias como a da ressurreição de Lázaro ou a de um cego e um paralítico que encontram Jesus durante a via-crúcis e temem um milagre. Se forem curados, os dois mendigos vão perder sua fonte de renda.

“A crítica do Dario Fo não se dirige à fé, mas a quem explora e se aproveita da crença popular”, diz Montagner, que há 15 anos divide o palco com Fernando Sampaio.

Quem conduz o La Mínima nessa empreitada é Neyde Veneziano. Especialista na obra de Dario Fo e estudiosa das formas populares do teatro, a diretora transpôs os episódios de Misterio Buffo, concebidos originalmente como monólogos, para o formato de dupla. “O palhaço não existe sozinho. Ele precisa desse duplo. Foi daí que partimos para fazer essa adaptação”, comenta a encenadora. Montagner conta que há muito tempo acalentava planos de encenar um texto do dramaturgo. “Mas sentia que precisávamos primeiro amadurecer como dupla antes de fazermos isso.” As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

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