Luis Melo é eleito melhor ator do ano

O ator paranaense Luis Melo foi eleito pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) como o melhor ator teatral de 2005. Ele conquistou o prêmio graças ao trabalho com a peça "Daqui a Duzentos Anos", montagem do Ateliê de Criação Teatral, que recém encerrou temporada de sucesso em São Paulo e volta a cartaz em janeiro na capital paulistana.
 
Participaram da eleição 70 jornalistas das áreas culturais e variedades, escolhendo os vencedores em diversas categorias teatrais. A premiação será realizada no Theatro Municipal de São Paulo, dia 4 de abril de 2006.
 
"Daqui a duzentos anos", que traz atuação de Luis Melo e direção de Márcio Abreu, é resultado de profundo trabalho de investigação do ACT, realizado pelo grupo de estudos sobre Tchekhov desde janeiro de 2004.  Estreou em março de 2005, no Festival de Teatro de Curitiba, com excelente repercussão de crítica e público. Fez temporada de um mês no Rio de Janeiro, no mês seguinte, e depois retornou aos palcos cariocas a convite do Sesc.
 
Em novembro estreou em São Paulo, no Sesc Belenzinho. A temporada continua em janeiro, graças ao sucesso de público e crítica, se estendendo de 7 a 29 de janeiro, no mesmo teatro – apresentações aos sábados e domingos, às 20 horas.
 
A peça
 
A montagem "Daqui a Duzentos Anos" propõe uma retomada à ênfase da palavra. Parte de três contos de Tchekhov: O Amor, O caso do Champanhe e A Brincadeira. São obras literárias, não escritas para o teatro. Elas foram utilizadas como ponto de partida para uma longa pesquisa, que durou mais de um ano, envolvendo oficinas, debates e workshops multidisciplinares, marca do trabalho do ACT.
 
O russo Anton Tchekhov (1860 ? 1904) perguntou-se muitas vezes o que restaria da sua obra com o passar do tempo.  Ele próprio levantava dúvidas sobre a permanência do seu trabalho. O ACT, com esta montagem, reafirma a continuidade da palavra, como uma força que perdura e atravessa os séculos. Encara a palavra em sua dimensão poética, literária, teatral, como um elemento exato, capturado e esculpido pelo artista. Colocar em foco a realidade ou por em dúvida as certezas absolutas está entre suas buscas.
 
O ACT
 
Criado em 2000, o ACT ? Ateliê de Criação Teatral ? levou mais longe o trabalho que Nena Inoue já vinha realizando no seu Espaço Cênico desde 1996, que ali se juntava a Luis Melo e Fernando Marés. De seu propósito inicial ? que já incluía a realização de cursos, oficinas, workshops, ensaios, apresentações, debates e outras atividades de caráter alternativo, configurando um espaço de pesquisa e criação, o ACT ampliou mais ainda seu propósito para se tornar também um centro de formação, baseado na experiência anterior na área do ator Luis Melo durante sua permanência no CPT/SESC (Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, coordenado por Antunes Filho).
 
Na programação, sempre a idéia de manter abertos o processo de trabalho e a possibilidade de diálogo com todas as modalidades de arte e pensamento. Antonio Nóbrega, Cildo Meireles, Arrigo Barnabé e Amir Haddad deram workshops já no primeiro ano de funcionamento. Processos de trabalho documentados e expostos; oficinas e montagens; troca de experiências; encontros, eventos, lançamentos, debates com artistas, jornalistas, criadores fazem a programação do ACT.

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