Livro reúne fotos de comunidade rural japonesa em SP

A citação de Leon Tolstoi (escritor russo, autor de Guerra e Paz) no início do livro de Lucille Kanzawa, 36 anos, resume, com precisão, a vida e a obra dessa fotógrafa: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. Depois de rodar o mundo como comissária de bordo, a fotógrafa retorna à comunidade em que cresceu em Mirandópolis (608 km de São Paulo) para registrar o cotidiano de um povo que vive da arte e da lavoura.

Lucille nasceu perto de uma pequena comunidade rural criada por imigrantes japoneses e batizada de Yuba (sobrenome do seu criador, Isamu Yuba). Em seu auge, na década de 40, cerca de 300 pessoas moravam em 40 alqueires de terra – sobrevivendo da agricultura, da criação de galinhas e de práticas artísticas, como o balé e a música clássica. “Essa comunidade ficava, praticamente, no quintal da minha casa. Meu pai, Yoshito Kanzawa, era amigo dos fundadores e atendia a seus habitantes sem cobrar nada. Em consequência disso, eu passei a minha infância brincando na comunidade, mexendo na terra e ouvindo a música deles”, conta Lucille.

Como acontece com quase todos os adolescentes, Lucille começou a achar que Mirandópolis e a pequena comunidade Yuba (que se mantinha com apenas 90 habitantes) não bastavam. Ela queria conhecer outros lugares, explorar novas possibilidades. Não por acaso, decidiu ser comissária de bordo. “Corri o planeta. Fui para todos os lugares que sonhei. Era uma cidadã do mundo”, diz a fotógrafa, que visitou cerca de 45 países, entre eles Índia, China, Marrocos, Israel e Mianmar.

Até que, um dia, Lucille se surpreendeu sonhando com a sua modesta cidade natal. Mais do que isso, com a comunidade Yuba. “Voltei para casa, para as minhas origens e comecei a fotografar as pessoas, o cotidiano delas e as particularidades daquela vida”, lembra. O resultado desse trabalho são 66 fotos que compõem o livro “Yuba”, que será lançado amanhã na Pinacoteca do Estado. No evento, haverá um espetáculo de dança, com bailarinos da comunidade Yuba. O grupo irá apresentar três coreografias, criadas pela professora e coreógrafa japonesa Akiko Ohara, que mora em Yuba e não fala uma palavra de português. As informações são do Jornal da Tarde.

Livro ‘Yuba’, de Lucille Kanzawa. Lançamento amanhã, das 11h às 14h. Pinacoteca do Estado: Praça da Luz, 2. Tel. (011) 3324-1000. Grátis.