Instinto selvagem 2 não convence

Sharon Stone já não é a mesma, Michael Douglas não revive o detetive Nick Curran e o roteiro de Instinto selvagem 2 (Basic instinct 2) não traz nada que acrescente, pelo contrário, a cada momento tenta reproduzir a receita de sucesso da primeira parte do thriller. Com direção de Michael Caton-Jones, o filme chega às telonas amanhã, com pré-estréia hoje. Quem espera ver a sensualidade que a louraça transbordava em Instinto selvagem pode esperar apenas por uma trama psicológica bem amarrada.

Aos 48 anos de idade, Sharon Stone tem provavelmente sua última oportunidade de exibir a boa forma. O público que se apaixonou pela escritora Catherine Tramell de 1992, com a famosa cena em que a atriz descruza as pernas (sem calcinha), não se encanta mais com a personagem. Ainda mais cruel, chegando mesmo ao sadismo, Catherine se envolve em uma nova seqüência de crimes e jogos psicológicos comprometendo o círculo psiquiátrico e o policial de Londres.

O filme começa com um acidente automobilístico que ocorre devido a Catherine e um famoso jogador de futebol estarem transando enquanto dirigiam a 170km/h. Obviamente, apenas a escritora sobrevive. Ao ser indagada pelo detetive Roy Washburn (David Thewlis) se ela havia tentado salvar o rapaz, a loura responde: apenas por um momento, achei que salvar minha vida seria mais importante. Daí em diante o suspense psicológico toma conta do enredo e os diálogos se revezam entre jogos intelectuais e eróticos.

As cenas de sexo, tão comentadas e esperadas, não ultrapassam nem em nível nem quantidade Instinto selvagem. Como a atriz declarou recentemente, as partes mais intensas foram cortadas. Apesar de estereotipado, o personagem de Dr. Glass é a chave e o contato utilizado pela protagonista para explicar toda a trama.

O envolvimento entre Catherine e Dr. Glass começa quando o médico é requisitado pela Scotland Yard para fazer uma avaliação psicológica forense na escritora. Mentirosa confessa, Catherine seduz detetive, psiquiatra e quem está a sua volta. As trocas de revelações que Dr. Glass e o detetive Washburn fazem, e comprometem ambas as idoneidades, além de criar o desfecho perfeito para que Catherine Tramell se sobressaia.

Enquanto Sharon Stone se esforça para realizar a mesma performance do primeiro filme, o esforço de David Morrissey parece muito mais difícil. A atriz não possui nem mesmo o olhar fatal que a consagrara há 14 anos, pelo menos para o espectador que não esqueceu da obra. O desfecho do filme culmina num suspense até o último momento, este sim, de intrigar, apesar de ser previsível.

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