Foi inaugurada ontem, em Curitiba, a Casa da Leitura Manoel Carlos Karam. Um espaço que abriga parte do acervo de três mil obras do escritor e jornalista falecido há um ano atrás.
A solenidade foi marcada pela apresentação de uma leitura dramática do texto Bicho de sete cabeças, parte do livro O impostor no baile de máscaras (1992), de Karam. A encenação foi feita pela Companhia de Teatro A Armadilha.
De acordo com o presidente da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Paulino Viapiana, “Karam foi um grande e talentoso amigo. Era um excelente jornalista que estruturava seu texto de forma impecável, ele conhecia como poucos a arte de escrever e encantar através de seus textos”, declara.
A casa de leitura já existia há dois anos, e agora, “abriga parte do acervo de Karam. Trata-se de uma homenagem justa e bonita ao escritor. A cidade poderá ter acesso a todas as obras de Karan”, continua Viapiana.
A casa da leitura é uma das unidades da FCC voltada à pesquisa, estudos e elaboração de projetos relacionados à leitura e à criação literária. A casa era um espaço cultural que ficou abandonado por oito anos. Em 2006, o espaço foi totalmente reformado pela prefeitura de Curitiba.
“A casa é um mediador da leitura. Trabalhamos com duas vertentes. Uma delas propõe o incentivo a leitura através do empréstimo de livros, contos e histórias. Já a outra consiste em mediar a leitura através de pessoas que levam a outros as mensagens contidas nas obras literárias”, explica o coordenador de literatura da FCC, Mauro Tietz.
| Anderson Tozato |
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| A Companhia de Teatro A Armadilha encenou ontem, durante a inauguração do novo espaço, uma leitura dramática do texto Bicho de sete cabeças, do livro O impostor no baile de máscaras (1992), de Karam. |
Localizada ao lado do Parque Barigui, a casa de leitura faz empréstimo de livros e espreguiçadeiras para quem deseja emprestar um livro para ler no parque. Para isso, basta deixar um documento na casa.
Para Tietz, a criação de casas de leitura proporciona o aumento dos índices de leitura no Brasil. “Enfrentamos um problema sério de leitura, os registros apontam índices baixíssimos no País. Por isso, acredito que iniciativas como a Casa de Leitura contribuem para melhoria dos índices”, diz. Amanhã, a FCC irá inaugurar mais uma unidade de leitura. Desta vez o homenageado será Augusto Stresser, A casa será no Parque São Lourenço.
Karam
Manoel Carlos Karam (1947-2007) era catarinense, mas vivia desde a sua juventude em Curitiba. Ele cursou jornalismo na Universidade Católica do Paraná, publicou sete romances e escreveu 20 peças teatrais.
Em 1995, com a obra Cebola, ganhou o prêmio Cruz e Souza de Literatura. Como jornalista, trabalhou em televisão, jornais e na prefeitura de Curitiba. Também atuou em campanhas políticas.
Seu primeiro livro publicado foi Fontes murmurantes (1985). Depois vieram O impostor no baile de máscaras (1992), Cebola (1997), Comendo bolacha maria no dia de são nunca (1999), Pescoço ladeado por parafusos (2001), Encrenca (2002), Sujeito oculto (2004) e Jornal da guerra contra os taedos (2008).