Ignácio Brandão fala de seu novo livro, ‘O Mel de Ocara’

Dia desses, em Macapá, depois de se dar conta de que tinha percorrido todos os estados brasileiros para falar sobre literatura, Ignácio de Loyola Brandão resolveu que era hora de reunir, em livro, as crônicas que escreveu para o “Caderno 2”, do jornal “O Estado de S.Paulo” sobre essas andanças – e extrapolam as fronteiras nacionais. Ontem, 7, em Frankfurt, o escritor recebeu a reportagem para falar sobre “O Mel de Ocara – Ler, Viajar, Comer”, que lança agora pela Global. Ele é um dos 70 escritores da comitiva oficial do Brasil na maior feira de livros do mundo.

A viagem que faz agora é seu reencontro com o “cheiro verde e metálico” da Alemanha, onde viveu entre 1982 e 1983. E é seu reencontro com a feira de livros, que visitou nesses mesmos anos e também em 1988 e 1994, quando o Brasil foi, como é nesta semana, o convidado de honra.

Na segunda-feira, 7, ele participou de uma leitura de Zero, seu livro traduzido em 1979. Foi apenas o primeiro de seus compromissos literários oficiais de uma agenda que só é possível organizar porque, anos atrás, Brandão deixou o jornalismo para se dedicar à literatura. “Não estou rico e nem vou ficar, mas estou livre para me dedicar a isso que chamam de literatura. E isso não envolve apenas o trabalho solitário da escrita, mas viajar o Brasil todo e ajudar na formação, um a um, de leitores”, diz.

Entre os encontros e eventos que mais o tocaram, estão um com uma senhora que lhe deu um pote de mel em Ocara – experiência que deu nome ao livro – e o cruzeiro literário da Livraria da Vila pelo Rio Negro. Já no rol dos lugares mais inusitados onde falou sobre literatura, o porão de uma igreja em Ijuí e a plataforma da estação Paraíso do metrô, em São Paulo.

A rodinha no pé herdou do pai – que, assim como outros familiares e amigos do passado, acabam voltando nas crônicas originalmente escritas para contar sobre algo que aconteceu bem longe de sua Araraquara natal. “Tudo volta muito para a infância e a adolescência. Para as coisas mal resolvidas. E esses momentos são resolvidos com a escrita e também com a idade, que limpa muita coisa”, diz o incansável escritor de 77 anos.

“Perto dos 80, pergunto-me por que não estou em casa lendo ou jogando bocha. Mas, de repente, me vejo na estrada, e estou tão feliz”, completa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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