Grupo de Dança traz um dos seus mais instigantes espetáculos

O premiado Grupo de Dança Primeiro Ato volta a Curitiba, nos dias 21 e 22 de outubro, quando apresenta o espetáculo ?Sem Lugar?, no Guairinha. Esta montagem, que revela a vocação do grupo em mesclar a dança e o teatro, foi considerada por um crítico como "um dos mais lancinantes espetáculos já vistos nas últimas temporadas". Lancinante porque denuncia a solidão, o abandono, a loucura, a vulgaridade. E para tratar destes temas põe no palco personagens patéticos, frágeis, agressivos, paradoxais.

?Sem Lugar? estreou em 2002, em Belo Horizonte, e reuniu uma dupla homenagem: fez parte das comemorações dos 20 anos do Primeiro Ato e do centenário de Drummond, ambos celebrados naquele ano. O espetáculo surgiu de um convite do próprio neto do poeta, Pedro Drummond.

Da prosa à poesia

"Sem Lugar" é a segunda incursão literária do 1º Ato, que se debruça sobre os versos do poeta mineiro após traduzir a prosa de Nelson Rodrigues em sua montagem "Beijo…nos olhos…na alma…na carne", de 1999. Ambas criações são assinadas pelo coreógrafo Tuca Pinheiro. Ex-bailarino do grupo e uma das apostas mais bem-sucedidas do Primeiro Ato, ele também é responsável por "Desiderium", de 1996.

A direção artística está a cargo de Suely Machado, diretora e fundadora da companhia ao lado de Kátia Rabello. "A idéia não é retratar a obra de Drummond mas, inspirados na poesia dele, construir o nosso próprio poema através dos gestos", diz Suely.

Como é característico da história do grupo, o espetáculo tem impressas as contribuições de cada um dos bailarinos que integram o elenco, agentes ativos na criação dos movimentos e das cenas, não apenas intérpretes a serviço de uma coreografia "pronta". Temas extraídos da poesia do mineiro – o homem, o amor, o erotismo, o tempo – delineiam os caminhos de "Sem Lugar".

Título, aliás, que traduz este homem de Drummond em que transparecem, segundo Suely, "a solidão, este vazio que existe em nós, a relação com a infância, a fragmentação".

Montagem nasceu de convite de neto de Drummond

O espetáculo nasceu de um convite que o neto do poeta, Pedro Drummond, fez para o 1º Ato, após ele ter assistido a "Beijo…nos olhos…na alma…na carne…", no Teatro João Caetano, Rio de Janeiro. "Depois da montagem sobre Nelson, eu e o Tuca já estávamos com vontade de fazer um trabalho inspirado na obra de um poeta. O convite veio a calhar", conta Suely.

Um poema, em especial, foi o ponto de partida de "Sem Lugar": "Diamundo – 24 horas de informação na vida do jornaledor", do livro "As Impurezas do Branco". "Esta poesia reúne trechos de vários fatos que acontecem no mundo, numa espécie de colcha de retalhos e você começa a perceber que faz parte daquilo tudo", diz Tuca.

Figurinos, cenários e trilhas procuram traduzir aspectos da obra

Parceiro de longa data do 1º Ato, o mineiro Marco Paulo Rolla assina os cenários e o figurino, com assistência de Márcio Alves e Miriam Menezes. Outro aliado fiel do grupo, Jorginho de Carvalho responde pela iluminação. A trilha sonora reflete a fragmentação presente no espetáculo. Parte dela é assinada pelo músico pernambucano e diretor musical de "Sem Lugar" Kiko Klaus. Ele utiliza sintetizador, baixo e guitarras em sua mistura, na qual também comparecem interferências de maracatu e mangue-beat.

A outra parte da trilha, elaborada pelo próprio Tuca, é um mosaico de tendências e nacionalidades. Reúne, entre outras, músicas do conjunto japonês Icu, da banda inglesa Meat Katie e Cake, além de um samba da Portela e de música popular colombiana.

Serviço:
Apresentação de ?Sem Lugar?
Dias 21/10, às 21h, e 22/10, às 19h
Auditório Salvador Ferrante (Teatro Guairinha): rua XV de Novembro

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