Lollapalooza

Grupo britânico Muse virou ‘refém’ de megashows

“Você nunca esquece as coisas”, ponderou na quarta-feira, 2, em conversa com o jornal O Estado de S.Paulo, o baixista da banda inglesa Muse, Chris Wolstenholme, sobre o show “menor” que a banda faria na quarta-feira, 2, no Grand Metrópole, no centro de São Paulo, para 2,5 mil pessoas. Ele se referia ao fato de que, nos últimos anos, o Muse nunca tocou para públicos menores do que 15 mil pessoas, tornando-se uma das maiores bandas de arena do rock atual.

Mas (Chris não sabia ainda àquela altura) o show no Grand Metrópole acabou cancelado de última hora, segundo um comunicado oficial, por “problemas de saúde” de um integrante da banda. Garantem que, com o “repouso adicional”, farão o show previsto para este sábado no encerramento da primeira noite do Lollapalooza. A organização informou que o Muse está “confirmadíssimo” para a noite de sábado, 5.

Uma pena o cancelamento. Seria interessante ver como uma banda cuja demanda pública se tornou muito maior do que seu escopo (é um trio) se sairia de novo num clube menor. Foi impressionante a apresentação do Muse para 85 mil pessoas, no ano passado, especialmente porque eles conseguiram reverter inclusive uma certa birra da crítica para com seu som.

“Desde que abrimos para o U2 aqui, em 2011, nosso show ficou um pouco mais ambicioso, digamos assim. Somos conscientes disso. Obviamente, para você fazer as grandes turnês, tocar em estádios lotados, você tem de ter um show de tamanho equivalente. Mas, apesar de ser um show espetacular, o som ainda é o mais importante. Não estamos interessados em grandiosidade somente pela grandiosidade, mas pela possibilidade de mostrar nosso som para um número ainda mais amplo de pessoas”, disse Chris.

O Muse é certamente a maior banda a tocar no palco principal do Lollapalooza, ao lado do Arcade Fire, do Nine Inch Nails e do Soundgarden. Sua turnê já é velha. “Para ser honesto, já tínhamos encerrado a turnê”, disse Wolstenholme.

O baixista não se nega a apontar suas preferências entre os colegas de festival. “Amo os Pixies. É uma das minhas bandas favoritas. Nunca foi grande, mas foi influente para um montão de gente que veio depois, como o Nirvana. Isso mostra que, no mundo da música, não ter sucesso não tem necessariamente relação com a importância de um grupo. Também gosto do New Order. Eles foram responsáveis por levarem as bandas de rock a incluírem elementos dance e da eletrônica em seu som. Houve um tempo em que ouvíamos o New Order a noite toda, quando éramos mais jovens.”

Parece claro que o segredo todo do Muse está principalmente na fleuma do vocalista Matt Bellamy, que não faz canções de refrões fáceis, mas conquistou uma massa complexa de fãs. Bellamy evoca o derramamento vocal de Thom Yorke, do Radiohead, e recentemente incorporou a grandiloquência orquestral do Queen. Ao vivo, têm um timing perfeito do sentido épico da canção, a produção musical de ponta.

Apesar de ser basicamente um trio, a massa sonora impressiona – mas não é por acaso: há um quarto homem oculto no fundo do palco pilotando sintetizadores, teclados e laptops. Têm uma mão muito boa para hits, o que é um mérito incontestável. O público do grupo se esgoela em Supermassive Black Hole, por exemplo.

“Chegar a um hit, às vezes, é só um acidente. Mas, às vezes, também se procura por isso. Acontece com muitos artistas que conseguiram emplacar um single no topo das paradas de sucesso: muitas vezes é algo muito simples, nada muito complexo. Eu tenho muito respeito por aquilo que se torna hit, em geral é uma manifestação real da arte”, disse ainda Chris Wolstenholme. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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