Gravuras registram detalhes arquitetônicos de Curitiba

Valdir_Francisco_2.jpgNesta quarta-feira (10), às 19h, inaugura na Casa Culpi, uma das unidades da Fundação Cultural de Curitiba, a mostra ?Detalhes do Invisível? com 32 gravuras realizadas pelo artista plástico Valdir Francisco. As obras revelam o olhar atento do artista ao descobrir elementos arquitetônicos das edificações curitibanas, que não são observados pelas pessoas em seu cotidiano. As gravuras, produzidas em 2005 e 2006, têm como foco os adornos em ferro forjado, chumbados nas chaminés de lareira ou nas fachadas de casas residenciais, construídas na cidade no período de 1930 a 1950.

A técnica da ?matriz perdida?, empregada na produção dessa série inédita de gravuras, permite resultados inusitados. A densidade das camadas de tintas sobrepostas transforma as gravuras em ?quase-pinturas?. Os adornos reproduzidos nas obras apresentam desenhos que se multiplicam em linhas ora retas, ora sinuosas. A mostra conta também com seis objetos de ferro forjado, confeccionados há mais de 50 anos. ?Os objetos dialogam com as gravuras e atuam como referência para o visitante?, explica Valdir Francisco sobre os trabalhos garimpados em demolidoras da cidade.

Valdir_Francisco.jpg?No cotidiano de trajetos apressados, percorremos as imagens que nos cercam numa atitude cega e negligente daquele que olha sem ver?, diz a artista plástica Dulce Osinski na apresentação da exposição. ?De repente, um dia, despertamos. E nesse despertar subitamente enxergamos um detalhe em sua singularidade. Valdir Francisco enxergou a chaminé de uma velha casa, construída entre os anos 30 e 50 do século XX em Curitiba, e junto a ela um arabesco, linhas sinuosas de ferro, sem outra função a não ser embelezar e introduzir uma marca de individualidade.?

O artista

Sem formação acadêmica em artes plásticas, Valdir Francisco iniciou-se nesse caminho por meio da escultura, linguagem a que se dedica até hoje. Em 2000, cursou cerâmica no Museu Alfredo Andersen e atualmente participa da Oficina Permanente no Laboratório de Gravura do Departamento de Artes de Universidade Federal do Paraná. Especializou-se em História da Arte do Século XX na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap).

O artista tem em seu currículo a realização de várias exposições individuais, além de participações em mostras coletivas e salões de artes, com destaque para GRAVADOS ? Coletiva de Gravadores da UFPR ? Espaço Cultural BRDE (2005), Salão Paranaense de Cerâmica (2004), Salão Paranaense (2003), Mostra de Escultura João Turin (1999 e 1995), Salão de Arte Contemporânea de Santo André-SP (1998) e Salão Nacional Victor Meirelles ? Florianópolis-SC (1996).

Nos últimos anos, o olhar de Valdir Francisco tem pousado sobre a arquitetura da cidade, e essa observação atenta tem direcionado a produção de obras que registram detalhes arquitetônicos. A primeira pesquisa pairou sobre os lambrequins, adereços ainda existentes num pequeno conjunto de construções de Curitiba. Desse estudo nasceram obras em cerâmica, madeira e gravura (linóleogravura e gravura em relevo sobre MDF), que integraram a exposição ?A poética dos lambrequins?, realizada no ano passado, no Museu Alfredo Andersen.

A investigação atual revelou os adornos arquitetônicos em ferro forjado, encontrados nas casas construídas na cidade a partir de 1930, até meados de 1950, com funções meramente decorativas. A pesquisa mostrou que existem centenas de construções com tais elementos arquitetônicos e muitas podem ser vistas no centro da cidade e, com maior freqüência, em bairros limítrofes à área central (Centro Cívico, São Francisco, Bom Retiro, Alto da Glória, Alto da XV, Juvevê, Rebouças, Batel, Mercês). Um significativo número de casas com tais adornos está na Avenida João Gualberto, Rua Lamenha Lins e Rua Agostinho Leão Júnior. ?Esse registro dos detalhes do invisível transmutado em obra inverte a ordem hierárquica existente na arquitetura, transformando o adorno em essência e nos fazendo refletir sobre esses limites: O que é adorno? O que é essência??, desafia Dulce Osinski.

Serviço
Casa Culpi (Av. Manoel Ribas, 8.450 ? Santa Felicidade ? fone: 41 ? 3370-1573)
Exposição ?Detalhes do Invisível?, que reúne 32 gravuras realizadas pelo artista plástico Valdir Francisco
De 10 de maio (abertura às 19h) a 02 de julho de 2006
Horário de visitas: de segunda a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, das 10h às 14h. Entrada franca.

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