Grammy deveria sair dos EUA

Ivan Lins, que está lançando o CD A Quem Me Faz Feliz (Sony) e que concorreu e tocou na festa do Grammy 2002, é de opinião que a cerimônia seja realizada em outro país, em nome da imparcialidade. “Eu sabia que não ia ganhar e nem fui lá por isso. Pois basta a indicação para o artista ganhar espaço na mídia, daqui e de lá. Mas é que os anticastristas têm muita força”, justifica, a propósito de os EUA negarem visto de entrada para 22 artistas de Cuba, que deveriam participar do evento.

Em entrevista ontem, ele me disse estar convicto de que o Grammy não vai nem para cubanos, nem para artistas que realizam apresentações em Cuba ou tenham simpatia pela ilha. Como este é o caso dele, pois além de até tocar com músicos cubanos, promoveu gravações deles quando estava na Velas, Ivan Lins, também, por entre outras razões, sentiu-se “um peixe fora d’água”.

“Aliás, um amigo meu disse que eu e o Roberto Menescal parecíamos tuiuiú no meio de galinha d’angola”, recorda, observando: “Na hora ri mas não entendi. Depois verifiquei que a comparação servia, pois tuiuiú só dá no Brasil e voa, já a galinha d’angola dá em todo lugar e não sabe voar”.

Mas ele não descarta a importância do Grammy, ainda que latino e ainda que visando só audiência popular. Afinal acaba de ser convidado para turnê ao Japão, graças à visibilidade do prêmio.

Ivan Lins está comemorando outra vitória: o acordo entre músicos, sindicato e gravadoras para controle – em lotes – dos discos, vídeos e DVDs.

E comemora também o lançamento de A Quem Me Faz Feliz, CD que segue a mesma linha de Jobiniano, mas com apenas uma canção de Tom. Sua tônica é o romantismo. “Viajei no meu ideário musical dos anos 60 e 70, que me foram importantes”, conta, sem se importar em ser descaradamente romântico, pois que traz da trilha sonora do filme Um Homem, uma Mulher a faixa suspirante Plus Fort Que Plus. Além do mais, entre as três inéditas da própria lavra está a faixa-título dedicadíssima à esposa Valéria. Ah, não poderia faltar Love, de John Lennon.

Ivan Lins se propôs realmente a um disco light, diet, suave… Para ouvir à noite, de preferência ao luar do Arpoador… O próximo, avisa, não será da mesma linha. Este, no entanto, lhe é muito caro ao coração, tanto que acha que deveria vir com uma bula recomendada pelo Ministério da Saúde: “Se depois de ouvir este disco, os sintomas não passarem, procure seu terapeuta ou reveja seu horóscopo”.

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